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Manoel Carlos: “Pode-se viver sem amar?”

Na crônica de Manoel Carlos da semana, a parte final da história de amor entre uma estudante e um criminoso

Por Redação VEJA RIO Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 20 jul 2018, 07h59 - Publicado em 20 jul 2018, 07h59
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  • (Leo Martins/Veja Rio)

    Começar uma história não é fácil…

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    — Nem terminar — emendou meu amigo Raul, a quem eu contava minha pequena crônica de menos de 3 000 palavras, que eu estava prestes a enviar para a redação da VEJA RIO.

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    Concordei com ele e prossegui:

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    — Principalmente uma história de amor.

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    — Ah, dessa experiência eu consegui passar longe.

    — Você nunca acabou uma história de amor?

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    — Acredite. Nunca. E sabe por quê? Porque nunca comecei.

    Essas últimas palavras me incomodam e assustam. Então, pode-se viver sem amar? Sem ser amado? Conheço pessoas que acham que sim.

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    Algumas até declaram que amar é complicado demais. E que o amor só é bom depois que acaba. Suspiram: “Ah, como era bom!”. A saudade de um grande amor é que faz esse amor ser inesquecível.

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    Conheci um rapaz que se apaixonou pela ideia de se apaixonar. Isso mesmo.

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    Sonhava com uma grande paixão, aquela que poderia enlouquecê-lo. Ia ao cinema, lia romances, procurando, sempre procurando avistar a flecha de Cupido que lhe fosse destinada. E abria a janela, apagava as luzes e aguardava noite após noite. Diante das estrelas. Tão fácil, pensava ele. Morreu sozinho, olhando o céu vazio.

    Foi nesse momento que minha amiga Isabel apareceu onde estávamos e me disse em voz baixa:

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    — Vem comigo. O Kiko está dando um show!

    — Como dando um show? O rapaz é um cantor, um artista?

    Isabel não respondeu, mas me empurrou sala adentro, onde estavam reunidas não mais que dez pessoas, em profundo silêncio, olhos atentos, presos ao tal do Kiko, o namoradinho criminoso da filha da minha amiga. Ele fazia desaparecer objetos grandes diante dos nossos olhos sem que conseguíssemos ver — nem sequer suspeitar — como esse truque se operava assim, à luz de uma plateia atenta e nada ingênua.

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    Identifiquei minha mulher entre os presentes. E não foi só isso.

    Durante o longo jantar, vimos colheres que se entortavam, uma faca que cortava em duas partes o dedo de uma senhora que acabou desmaiando diante da sangria que logo se regenerou, levando a elegante senhora a desmaiar mais uma vez, o que a obrigou a uma nova ressurreição.

    Enfim: nem no teatro, nem no cinema, nem nos palcos mais milagrosos da Broadway vi coisas assim, tão inexplicáveis!

    E tudo ali, diante de todos nós, desafiando a compreensão e o entendimento. Então era isso? O jovem sedutor era um ilusionista? Um mágico de quermesse?

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