Vera Holtz: “Um impulso sempre que possível a favor do outro”
Depois de temporada no Rio, a atriz segue com "Ficções" pelo país

Vera Holtz fez curta temporada do espetáculo “Ficções”, de Rodrigo Portella, lotando o Teatro Multiplan, no Village Mall, na Barra, nesse fim de semana, com sucesso em todo o percurso feito com o espetáculo, tendo passado por 45 cidades, com mais de 120 mil espectadores em 270 apresentações.
Ela interpreta vários personagens, acompanhada, no palco, pelo violoncelista Federico Puppi, numa “jam session” – como ela chama, com o seu conhecido sotaque de Tatuí, interior de São Paulo, onde nasceu –, na adaptação para o teatro do best-seller “Sapiens – Uma breve história da humanidade” (Companhia das Letras, 2020), de Yuval Noah Harari, que estreou em 2022, tem rodado o país sempre com casas lotadas e os prêmios Shell de Melhor Atriz e o APTR (Associação dos Produtores de Teatro), também como Melhor Atriz.
Vera também recebeu o Kikito pela protagonista de “Tia Virgínia” (2023), de Fábio Meira, no filme em que vive uma mulher de 70 anos que abdicou dos sonhos para cuidar da mãe doente, até receber, numa noite de Natal, a visita das irmãs Vanda e Valquíria, interpretadas por Arlete Salles e Louise Cardoso.
Assim como Vera, a peça tem uma dramaturgia original a partir das premissas de Harari. “Eu queria fazer uma peça que fosse espatifada — não aquela montagem que é uma história, que pega na mão do espectador e o leva no caminho da fábula. Quis ir por um caminho onde o espectador é convidado, provocado a construir essa peça com a gente. É uma performance em construção: Vera e Federico brincam com tudo, com os cenários, tem uma coisa meio in progress”, descreve Rodrigo.
“Eu gosto muito desse recorte que o Rodrigo fez, de poder criar e descriar, de trabalhar com o imaginário da plateia. O desafio é essa ciranda de personagens, que vai provocando, atiçando o espectador. Não se pode cristalizar, tem que estar o tempo todo oxigenada”, diz ela, que, aos 71 anos, com 1,2 milhão de seguidores no Instagram, não sabe o que é tédio ou esgotamento criativo.
A peça segue o país: dias 12 e 13 de fevereiro, em Botucatu (SP); 15 e 16 em Piracicaba (SP); 21, 22 e 23/02, em Campinas (SP); 20, 21 e 22 de junho, em Belo Horizonte; e 19 e 20 de julho em Uberaba (MG).
Leia sua entrevista:
UMA LOUCURA: não ter um código com um amigo, para enviar quando você está precisando de ajuda.
UMA ROUBADA: plano de saúde nacional para as pessoas da terceira idade, a falta de dignidade com que tratamos esta questão.
UMA IDEIA FIXA: as ondas do mar. Não sou a única pessoa do mundo que vai agradar ou enlouquecer o outro.
UM PORRE: o país não acreditar que Educar é o único caminho.
UMA FRUSTRAÇÃO: o Mundo estar convencido de que a magia está na palma da mão.
UM APAGÃO: queimadas, enchentes, a cegueira.
UMA SÍNDROME: o que é síndrome??? Me choca só de ouvir essa palavra.
UM MEDO: o que haverá do lado de lá?
UM DEFEITO: existir… Se tivesse tempo, eu contava todos (os tempos).
UM DESPRAZER: ter que esperar tanto para ver o Planeta despertar.
UM INSUCESSO: perceber que o centro de tudo é o Nada, apesar de ser interessante.
UM IMPULSO: um impulso sempre que possível, em favor do outro.
UMA PARANOIA: as que nasceram em Tatuí (SP)… Mas os chocolates me perseguem (ai, meu Deus! É a pergunta número 13…).