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Lu Lacerda

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Jornalista apaixonada pelo Rio

Teatro, por Claudia Chaves: “Atrás do véu” — Sherazade está entre nós

Aisha (Michelle Raja Gebara) vai nos contando sua história e mostrando a vida como ela é

Por lu.lacerda
10 jan 2025, 09h00
teatro
 (Thiago Ristow e Lorena Salum/Divulgação)
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Os provérbios árabes são de uma sapiência rara. Ela deu à luz em segredo, mas vai parir em público: da gravidez de uma relação com muito amor, mas com abandono do pai, Aisha vai nos contando sua história e mostrando a vida como ela é. Atrás do véu, em primoroso bordado de Michelle Raja Gebara, protagonista do projeto, ela vai além das dores de parto. Fala docemente das dores do machismo, das culturas repressoras, das diferenças não admitidas.

teatro
(Thiago Ristow e Lorena Salum/Divulgação)

A direção de Bruce Gomlevsky mais que o tema, respeita as palavras. Respeita a cultura que Michelle quer apresentar, representar, criticar, comparar. Michelle tem ascendência síria e vem de um país conflitado, junto com seu Baba (pai), para enfrentar um país do qual não sabe coisa alguma: língua, comida, hábitos e costumes religiosos. A direção de Bruce é leve, delicada, focando o personagem Aisha e suas vicissitudes, incertezas, certezas e vitórias.

Michelle, no lindo figurino, atrás de uma mesa/balcão caracterizada com objetos e panos, de onde ela distribui um dos pratos típicos da sua herança (hummus tahine) para que comamos com as mãos e complementarmos com o chá — perfeitamente deliciosos! Esse é o ritual que nos transforma, imediatamente, de plateia a amigas com afeto.

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(Thiago Ristow e Lorena Salum/Divulgação)
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Michelle usa todos os recursos de interpretação com proficiência — um leve sotaque, naquele jeito comum aos árabes, pouco monocórdico, mas as palavras repletas de sentimentos. Como todo artista, compartilha tudo que faz: suas histórias, suas mãos, sua voz, sua expertise como cozinheira. No fim, ainda dança com muita alegria. No texto, recheado de provérbios, a mensagem principal é a da coragem: quem quer fazer algo encontra um meio, quem não quer fazer nada arranja desculpas.

E sem mencionar, aproxima-nos de um outro provérbio árabe: “Com um bom conselho, antigamente, ganhava-se um camelo; hoje, a inimizade…”. Aisha/Michelle ganha, na verdade, muitíssimos amigos.

Serviço:

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Teatro Municipal Café Pequeno (Av. Ataulfo de Paiva, 269 – Leblon)

 Ingressos gratuitos no site 

Terças e quartas-feiras, a partir das 19h, até 29 de janeiro.

Claudia Chaves
(Arquivo/Arquivo pessoal)
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