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Lu Lacerda

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Jornalista apaixonada pelo Rio

Teatro, por Claudia Chaves: “Ao vivo (o que se passa na cabeça de alguém)”

"Ao vivo", vai, pouco a pouco, apresentando as pequenas peças de um quebra-cabeça para se entender o que a alma humana conta

Por lu.lacerda
Atualizado em 16 Maio 2025, 11h19 - Publicado em 16 Maio 2025, 09h00
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 (Nana Moraes/Divulgação)
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Fazendo a cabeça do espectador.

Passar pela cabeça. Manter a cabeça fria. Meter na cabeça. Atirar-se de cabeça. Cabeça de prego. Perder a cabeça. Ser o cabeção. Cabeça de vento. Em cada cabeça, uma sentença. Em “Ao vivo (o que se passa na cabeça de alguém)”, da Companhia Brasileira de Teatro, sob a direção de Márcio Abreu, todas essas frases estão na construção do espetáculo.

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Em cena (Nana Moraes/Divulgação)

“Ao vivo”, vai, pouco a pouco, apresentando as pequenas peças de um quebra-cabeça para se entender o que a alma humana conta. O grande valor e mérito da peça é estar o fazer teatro completo, com tudo a que se tem direito, com uma narrativa não baseada em fatos, e muito menos se aproximar de  contar uma história com começo, meio e fim.

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(Nana Moraes/Divulgação)

Há que se compreender que o tema de “Ao Vivo” é pensar a identidade como fluxo, o discurso consagrado pelo Surrealismo, a escrita automática, a memória como invenção e o teatro como espelho fragmentado do que somos. Assim, o espectador bebe cada palavra, identifica-se por pensar ou por não pensar. O diálogo é mudo, calado, contido, mas, ao mesmo tempo, efervescente — cumprindo exatamente a maior função do teatro: reflexão.

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Partindo da base da questão do conceito de arte e teatro de “A gaivota”, “Ao vivo” desenvolve a correlação do fazer teatral com o cotidiano das pessoas. E faz um trabalho sofisticado de metalinguagem com recursos inusitados.

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(Nana Moraes/Divulgação)

Renata Sorrah refulge em cena, com pequenas intervenções, ao falar de suas cenas. Cada  artista oferece fragmentos da sua vivência sem qualquer pudor, sem qualquer medo de se expor. Não há vítimas nem se exagera em uma dramatização, a honestidade mais crua e contundente. O palco transforma-se num espaço mental compartilhado onde a intimidade se torna política.

O elenco, composto por Rodrigo Bolzan, Rafael Bacelar, Bárbara Arakaki e Bianca Manicongo, é bastante equilibrado; eles se superam nos diferentes “papéis”. Os depoimentos de Manicongo sobre sua realidade como mulher trans e a extraordinária performance de Bacelar como drag causam um impacto positivo.

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foto 4 credito nana moraes
(Nana Moraes/Divulgação)

A cenografia, assinada por Batman Zavareze e equipe, com os painéis de projeção, com uma palavra só, já leva à plateia um roteiro do que se fala e do que se deve pensar. A iluminação de Nadja Naira e a trilha sonora de Felipe Storino mudam o destaque, dando o foco no que se tem que entender. Os figurinos de Luís Cláudio Silva são a perfeita tradução daquilo que o personagem elabora naquele momento.

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(Nana Moraes/Divulgação)

A direção de Márcio Abreu é o caminho para ir além de assistir a uma peça. Todos os elementos que pertencem às artes de representação são combinados com tal delicadeza, equilíbrio e eficiência, que conseguem penetrar na imaginação, no sonho, na desilusão, na esperança, na dor e na alegria. Exatamente como é a vida.

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Serviço: 

Até 31 de maio 

Teatro Carlos Gomes, no Centro (Praça Tiradentes s/nº)

De quinta a sábado, às 19h; domingos, às 18h

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Informações: 21 2035-0247

Ingressos online: https://riocultura.eleventickets.com/

Claudia Chaves
(Arquivo/Arquivo pessoal)
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