Teatro (Claudia Chaves): Chatô e os Diários Associados–100 Anos de Paixão”
O que é poder? Para alguns, é fazer; para outros, conseguir. Poder é ser capaz de entregar; para alguns, é dominar

O que é poder? Para alguns, é fazer; para outros, conseguir. Poder é ser capaz de entregar; para alguns, é dominar. Mas há poucos que acreditam que poder é fazer, conseguir, modificar, alterar o que está à sua volta, construir. É desses verbos que se fez Francisco de Assis Chateaubriand Bandeira de Melo – pernambucano, jornalista, líder, criador. Como Chateaubriand é um prenome, veio-lhe o apelido “Chatô”, que expressava bem o que sempre foi: um senhor de castelo com poder total.
O musical “Chatô e os Diários Associados – 100 Anos de Paixão” é uma verdadeira celebração da vida de Chatô – o pioneiro, o inventor da comunicação e da arte brasileiras. Com uma produção impecável, figurinos encantadores e um elenco afiado e talentoso, o espetáculo entrega mais do que uma simples biografia. Com interpretações na medida certa, vozes afinadas e domínio vocal sem exageros, o musical revela o Brasil em seus melhores e piores momentos.

A direção de Tadeu Aguiar é primorosa ao permitir que cada artista se mova com liberdade dentro do personagem, crescendo na interpretação nos momentos-chave. O coreógrafo Carlinhos de Jesus conduz o elenco por ritmos diversos com seu toque inconfundível. A trilha sonora – composta por sucessos de diferentes épocas e conduzida por Thalyson Rodrigues – conquista todas as plateias, que acompanham as canções com entusiasmo.
O roteiro, baseado na biografia “Chatô – O Rei do Brasil”, de Fernando Morais, adaptado pelo próprio autor em parceria com Eduardo Bakr, é bem estruturado e profundo. Duas metáforas ajudam a compreender o Brasil de ontem e de hoje: o poder de quem constrói, representado por Chatô, e o poder de quem destrói, simbolizado pela Ditadura Militar – retratada com força num quadro impactante, com figurinos marcantes exibindo camisetas de opositores do regime.
A cenografia de Natália Lana é, como sempre, um acerto; e os figurinos de Dani Vidal e Ney Madeira são deslumbrantes, revelando tanto a época quanto a essência dos personagens. A iluminação de Paulo Cesar Medeiros valoriza cada cena, acentuando emoções e detalhes visuais. Sair do espetáculo “Chatô” é compreender o ditado: quem quer, faz – não manda. Chatô mandou, sim, mas, acima de tudo, ele fez.
SERVIÇO:
Teatro João Caetano, Centro (Praça.Tiradentes, s/n)
Até 27 de abril, sexta e sábados às 15h e 19h; domingos, às 17h.
Ingressos no site.
