“Ruth & Lea”: noite para convidados e afetos
Uma homenagem às atrizes Ruth de Souza e Léa Garcia, em cartaz no Teatro Glaucio Gill, com direção de Luiz Antonio Pilar








Bárbara Reis e Ivy Souza fizeram uma noite para convidados do espetáculo “Ruth & Lea”, nessa segunda (09/06), uma homenagem às atrizes Ruth de Souza e Léa Garcia, em cartaz no Teatro Glaucio Gill, com direção de Luiz Antonio Pilar. A peça, ambientada em um set de cinema, relembra momentos da trajetória de ambas, quando, por exemplo, Ruth concorreu ao Leão de Ouro do Festival de Veneza pelo trabalho no longa “Sinhá Moça”, em 1953. Anos depois, Léa concorreu à Palma de Ouro em Cannes por “Orfeu Negro”. Essas e outras histórias estão no palco.
“Retornar ao palco após sete anos afastada me traz um senso de responsabilidade grande, mas também desprendimento. O maior desafio nos ensaios tem sido conter a minha energia para dar vida a Ruth, que era mais contida do que eu”, diz Bárbara. As duas atrizes, que não se conheciam, foram naturalmente criando laços. “Tem sido maravilhoso. Ivy é uma atriz sensível, generosa e muito aberta. Nossa conexão foi imediata e está sendo levada para a cena”, conta Bárbara, que foi dirigida por Luiz na novela “Todas as Flores”, de João Emanuel Carneiro.
“Está sendo muito marcante para mim. Léa sempre foi uma das minhas maiores referências. Sendo uma atriz negra, tenho a consciência de como ela e a Ruth puderam mobilizar tantas coisas com as parcas possibilidades que tiveram, cada uma com seu temperamento e trajetória. E fico pensando: qual o futuro é possível plantar agora? Para que um artista negro possa viver a experiência de exercer a sua arte como ofício, é preciso suporte e rede”, diz Ivy, que conheceu Léa em 2019, quando ela foi vê-la no espetáculo “Isto é um Negro”.
Na plateia, Marcelo Garcia, um dos filhos de Léa; Paulo Roberto Pio Lucos, de 83 anos, irmão; além da homenageada Elisa Lucinda e os atores Tereza Seiblitz, Bruno Quixotte e Cacá Ottoni, e ainda Elisa Larkim, a viúva de Abdias do Nascimento, fundador do Teatro Experimental do Negro, que também é um dos artistas homenageados na montagem. O diretor Pilar relembrou que está fazendo 80 anos o Teatro Experimental do Negro, criado em 1945. “Há pretos e pretas que fizeram coisas fundamentais, mas ninguém sabe”, diz Pilar, lembrando que a equipe do espetáculo é formada por 70% de negros. A dramaturgia é assinada por Dione Carlos, ganhadora do Prêmio Shell de Dramaturgia, na sua 33ª edição.