“Primórdios digitais” já nas ruas: reflexões sobre o real e o digital
Na Lagoa, um grupo de símios usa o celular alheios uns aos outros



Duas das instalações do artista Beto Gatti, uma na orla do Leblon (em frente à Rua José Linhares), e outra na Lagoa, altura do Corte de Cantagalo, fez parar a corrida de alguns cariocas. Elas fazem parte da mostra , a ser inaugurada nesta quarta (14/05).
“Cabo de guerra” contrapõe dois corpos musculosos com câmeras de vigilância douradas no lugar das cabeças, refletindo a exposição e o controle permanentes da era digital. Já a conhecida “Desconectados” mostra um grupo de símios agachados encarando celulares, alheios uns aos outros, inspirada em uma cena real do réveillon de Paris em 2024;
As esculturas, cedidas para a exposição, fazem parte de coleções particulares. Cada uma terá placas informativas e QR codes, que, ironicamente, incentivam os visitantes a usar o celular para conhecer mais.
Os trabalhos têm até 2 metros de altura, feitos em bronze (o pessoal do Segurança Presente vai ter que trabalhar dobrado), em lugares, por exemplo: a Rua Dias Ferreira, 175, Leblon; na Praça Mauá, em frente ao Museu do Amanhã, a “La Décadence Biomorphique”, um primata ajoelhado com visor de realidade virtual e controle de drone preso ao próprio peito; e Aeroporto do Galeão, onde a escultura “Saudade” já está em exibição.
“Vivemos entre o real e o digital, atravessados por sensações de aprisionamento e comparações constantes, alimentadas por uma liberdade ilusória”, diz o artista, que usa tecnologia de ponta nos processos criativos, mas também o bronze para dar o contraste.