Pré-estreia de “Haddad e Borghi: Cantam o Teatro Livres em Cena”
E, como era de esperar, o público viu um recorte de expressões artísticas (ópera, circo, artes visuais e carnaval)
























A terça (13/05) foi de festa no Teatro Adolpho Bloch, na Glória, com a sessão de convidados do espetáculo “Haddad e Borghi: Cantam o Teatro Livres em Cena”, encontro dos amigos Amir Haddad e Renato Borghi, que se aproximam dos 88 anos e comemoram sete décadas de amizade e colaboração artística, com direção de Eduardo Barata.
A encenação tem como princípio a liberdade de Amir e Renato, fundadores do Teatro Oficina, com Zé Celso Martinez Corrêa. “A ideia é construir e desconstruir, desafiando as perspectivas do espaço cênico — narrar, cantar e apresentar ao público um panorama, com recortes da cena nacional, pelos olhos de dois homens de teatro, dois operários, trabalhadores, contemporâneos, dois pensadores das artes, que não separam vida e teatro, teatro e vida”, explica o diretor.
O roteiro, assinado por Barata e Elaine Moreira, além de contribuições de Débora Duboc e Élcio Nogueira, foi tomando forma depois de 10 encontros com os próprios homenageados. Amir e Renato falam sobre a existência, atuação e os diversos “Brasis” que eles conhecem e vivem e viveram em quase 200 (somando os dois).
“Eu e o Renato convivemos por muito tempo: são 70 anos de bem-estar e alegria ao lado dele. Nenhuma vez, tivemos qualquer destemperança nessa vida. Fizemos um grupo de teatro juntos, faculdade, e também desistimos dela juntos. Renato é parte integrante; agora, é muito bom estarmos aqui reunidos. Sou feliz por tê-lo conhecido e termos caminhado tanto pela vida cultural brasileira”, diz Haddad.
“Amir é muito importante pra mim. Quando comecei a fazer teatro, ele me dirigiu na peça do Zé Celso, ‘A incubadeira’. Era para termos feito apenas por 15 dias e acabamos ficando seis meses. Foi o primeiro sucesso da minha carreira. Amir ficou com a gente nesse período — foi um acontecimento, um assombro, ainda era meio amador. Depois, ele veio para o Rio, mas continuamos sempre em sintonia”, lembra Borghi.
E, como era de esperar, o público viu um recorte de expressões artísticas (ópera, circo, artes visuais e carnaval), todas inspiradas em nomes importantes, tais como: Lygia Clark, Hélio Oiticica, Elis Regina, Zé Kéti, Braguinha, Emilinha Borba, Bizet, Donizetti e Charles Gounod, com participação da cantora lírica Ana Lia, das palhaças Laura e Lenita; e do Trio Júlio, com músicas ao vivo.
O elenco recebia os convidados à entrada do teatro, apresentando o trabalho de artistas fundamentais para a construção do mundo “haddad-borghiano”: Clarice Lispector, Cecília Meirelles, Cora Coralina, Vinícius de Moraes, Guimarães Rosa e Carlos Drummond de Andrade.
Vários dos convidados tinham uma história com algum dos dois, por exemplo, a atriz Renata Sorrah. “Foi com Amir que comecei a fazer teatro. Ele me abriu todas as janelas lindas da minha vida e falou ‘é isso, você é uma atriz’. E os dois, junto com Zé Celso, são o teatro. A gente tem que estar aqui, batendo palmas, celebrando eles”, disse ela.
Amir e Borghi — que circulam pelo palco em dois grandes tronos móveis — ficam em cartaz até dia 1º de junho, com sessões de quinta a sábado, às 20h, e aos domingos, às 17h.
Os figurinos são de Rute Alves, cenário de Rostand Albuquerque e iluminação de Ricardo Viana. Cláudia Chaves assina a pesquisa e Marina Salomon, a direção de movimento.