Paulo Marinho: “Não foi o Lula que ganhou, foi o Bolsonaro que perdeu”
"Não considero minha participação na eleição de Bolsonaro como um insucesso, tanto que ele foi eleito"

O empresário Paulo Marinho, ex-presidente do PSDB-RJ, está em novo momento: longe das disputas eleitorais, hoje pensa mais na cultura, no Rio e na formação de lideranças para enfrentar os desafios do estado — se um dia ele pensou em se candidatar a prefeito, hoje o que quer é encontrar um nome para o Governo do Rio. À frente do Instituto Brando Barbosa, no Jardim Botânico, recentemente ele fez contrato de cessão do espaço histórico: “São tantas objeções para preservar, que fiz acordo com o Instituto Light, e agora eles vão fazer o instituto voltado também para educação e cultura”, diz.
Marinho ficou nacionalmente conhecido em 2018, quando se tornou apoiador de Jair Bolsonaro. Ele é suplente de Flávio Bolsonaro no Senado, mas, em 2022, declarou voto em Lula e disse estar pagando uma “penitência” por ter ajudado Bolsonaro a se eleger presidente. “Em 2022, não foi o Lula que ganhou, foi o Bolsonaro que perdeu. Fez cagadas e perdeu, tanto assim que foi a eleição mais apertada que aconteceu no Brasil. Agora, o Bolsonaro vive este momento de dificuldade, porém é fruto dos erros que ele cometeu. Tenho ainda uma boa relação com Flávio; ficamos afastados, mas retomamos”, diz.
Morando mais em São Paulo (onde está construindo uma casa nos Jardins) que no Rio, mantém negócios em ambas as cidades. Alguns filhos moram em SP; Maria, do casamento com Maitê Proença, na década de 1980, mora na capital carioca; do casamento com Adriana, é pai da cantora Giulia Be, do apresentador André Marinho (Jovem Pan) e do Daniel. Paulo, que costuma manter relações pela vida inteira, como foi com o jornalista Ricardo Boechat, é chamado de amigo leal por todos eles. Sobre a cidade carioca, reflete com saudade e pragmatismo: “Anos 70 e 80 foram as épocas de glória do Rio”. E conclui com clareza: “Não há melhora para a segurança do Rio sem ação nacional”.
UMA LOUCURA: A situação de insegurança que a gente vive hoje, no Rio, sem nenhuma perspectiva de melhora no horizonte. Não tem possibilidade de o estado do Rio resolver a segurança porque o assunto precisa ser tratado em nível nacional — o problema é maior do que o governador pode resolver, tanto que o próprio Cláudio Castro falou na Veja, nas páginas amarelas, que era enxugar gelo.
UMA ROUBADA: Viagem para a Disney, com filhos ainda crianças.
UMA IDEIA FIXA: O amor que eu tenho pelo Rio e as memórias da cidade dos anos 70 e 80.
UM APAGÃO: Na segurança pública do Rio, mesmo sem ter passado uma situação extrema com relação a isso.
UM PORRE: Ter que gastar tempo conversando com pessoas que você tem certeza de que não vão te compreender.
UMA FRUSTRAÇÃO: Ver o nível da política que se faz hoje, no Rio.
UMA SÍNDROME: Vou ficar te devendo essa, pois não tenho nenhuma.
UM MEDO: Pelo futuro da geração que vai viver até os 100 anos, e como lidar com as ferramentas que esse futuro vai colocar à disposição dessa geração.
UM DEFEITO: Querer ver as coisas muito bem organizadas.
UM DESPRAZER: Ver o sentimento da inveja estampado no rosto de pessoas a quem você quer bem!
UM INSUCESSO: Olhando para trás, não consigo enxergar nenhum. Não considero minha participação na eleição de Bolsonaro como um insucesso, tanto que ele foi eleito. Bolsonaro provavelmente vai ficar preso. Eduardo não pode voltar. Michelle e Flávio vão se candidatar ao Senado, com eleição garantida.
UM IMPULSO: Querer sempre acolher meus poucos amigos.
UMA PARANOIA: Tenho paranoia com limpeza.