Lu Lacerda

Por Lu Lacerda

Jornalista apaixonada pelo Rio

Beira-Mar

Othon no Sertão: moradores de Tucano (BA) acham que é fake news

O ator não vai a sua cidade natal há 86 anos. Saiu de lá aos seis para morar no Rio com uma tia

Por Daniela
Atualizado em 20 out 2025, 10h54 - Publicado em 20 out 2025, 10h00

Othon Bastos Foto Beti Niemeyer_007[1] (1)

Prepare o sertão baiano: Othon Bastos, 92 anos, está voltando pra casa. No dia 29 de novembro, o ator desembarca em Tucano, sua cidade natal, com o monólogo “Não me entrego, não!”, de autoria e direção de Flávio Marinho. O fenômeno, que vem lotando teatros, acaba de encerrar temporada em São Paulo e volta ao Rio em novembro, no João Caetano.

Othon não pisa em Tucano há 86 anos. Saiu de lá aos seis para morar no Rio com uma tia. A cidade, com menos de 50 mil habitantes, não tem teatro, cinema nem nada parecido — por isso, a produtora Bianca De Felippes, da Gávea Filmes, vai montar um palco no meio da praça. A ideia ganhou força depois que Sérgio Bacci, presidente da Transpetro, assistiu à peça em Salvador, se encantou e decidiu bancar o retorno do filho ilustre.

“Quem tem raízes na Bahia não perde jamais. Essa terra é de mistério, uma terra linda e de grandes orixás”, diz Othon. Enquanto isso, os moradores de Tucano juram que o evento é fake news.

A expectativa é atrair não só os moradores da cidade, mas também das vizinhas — estudantes, curiosos, gato, cachorro e papagaio. “Talvez seja necessário fazer uma segunda apresentação. Vamos colocar mil cadeiras na praça, mas o povo costuma assistir de pé (ou num galho de árvore)”, brinca Bianca.

A equipe ficará hospedada a sete quilômetros dali, em Caldas do Jorro, o famoso distrito turístico das águas termais que brotaram em 1948, quando o povo buscava petróleo — e encontrou banho quente de 48°C. “Já fechei todas as pousadas, porque a gente vai ficar a semana inteira montando tudo”, conta Bianca.

Além do espetáculo, Othon vai virar documentário: a diretora Pietra Baraldi o acompanha há um ano e meio, registrando bastidores e histórias desse patrimônio imaterial. “Ele costuma dizer que sua vida não tem a menor importância — o que importa é o que ele faz”, diz Bianca. E o que ele faz é seguir dando aula de vida, sem nunca se entregar.