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Lu Lacerda

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Jornalista apaixonada pelo Rio

Opinião, por Bruce Gomlevsky: “‘Hamlet’ em tradução inédita”

"Fazer Hamlet sempre foi um sonho para mim como ator"

Por lu.lacerda
Atualizado em 22 ago 2025, 19h21 - Publicado em 22 ago 2025, 19h00
bruce
 (Guilherme Scarpa/Divulgação)
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“Ser ou não ser? Esta é a questão!” Fazer Hamlet sempre foi um sonho para mim como ator. Depois de muitos anos aguardando, agora me sinto pronto para mergulhar nesse personagem tão vasto e multifacetado. Hamlet é trágico e cômico, herói e vilão — uma figura que sintetiza todas as contradições da condição humana. Dizer essas falas é uma aula de teatro: pedagógica, intensa, uma imersão na alma.

Temos uma tradução inédita de Shakespeare, criada especialmente por Geraldo Carneiro. Ele é um dos maiores poetas e tradutores do Brasil, conseguindo o que muitos buscam: equilibrar erudição e verso com uma linguagem fluida e comunicativa. É Shakespeare autêntico, mas acessível.

Ensaiamos essa montagem ao longo de quase 11 meses, com cerca de 30 a 40 pessoas envolvidas, do elenco à equipe técnica. Outro eixo fundamental do processo é a relação com a plateia: o público não está na arquibancada — está dentro do espetáculo. Na festa de núpcias, por exemplo, cada espectador se torna convidado da celebração; quando o espírito do pai de Hamlet surge, todos vivenciam o ritual de dentro. A cada ato, a plateia é convidada a se mover e observar a cena de ângulos diversos, desempenhando quase uma função dramática junto com os atores.

A montagem é integral, com poucos cortes, preservando a essência de Shakespeare. Contudo, também somos contemporâneos: Rosencrantz e Guildenstern são androides — inteligências artificiais contratadas pelo rei para espionar Hamlet —, e Fortimbrás, princesa norueguesa, é interpretada por Alitta de Leon, uma atriz trans, simbolizando uma nova ordem que rompe com o patriarcado secular. Claudius encarna o usurpador, uma alegoria clara dos líderes que corroem a democracia — algo muito atual.

Esse espetáculo é sustentado por minha pesquisa de formação, especialmente inspirada em Grotowski: pensar o público como parte da cena, com função dramática. Não é uma mise en scène experimental distante do texto — é Shakespeare como ele é, ressignificado pelo olhar de 2025. A peça nos ensina sobre poder, dor, amor, vida e morte.

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Agora, poder interpretar Hamlet finalmente e compartilhar essa imersão com o público, lado a lado — vivendo juntos essa intensidade —, é profundamente transformador.

 Bruce Gomlevsky é ator, diretor e fundador da Cia. Teatro Esplendor, mestre em Artes da Cena pela UFRJ. O espetáculo “Hamlet” está em cartaz no CCBB Rio, de quarta a segunda, até setembro. Ainda no elenco: Daniel Bouzas como Laertes; Glauce Guima como Ofélia, Gustavo Damasceno no papel do rei Cláudio; Jaime Leibovitch como Polônio e o coveiro; Ricardo Lopes como Horácio e o fantasma; Sirlea Aleixo como a rainha Gertrudes; Maria Clara Migliora como Guildenstern; Tamie Panet interpretando Rosencrantz, e ainda Aquarela Neves e Guilherme Pinel. O cenário é assinado por Nello Marrese, e a direção de produção é de Gabriel Garcia.

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