Mural do “Rua Walls” faz homenagem a malandro carioca raiz
Artista Thiago “Haule” Rodrigues, morador do Morro do Pinto, é autor do painel
Quem passava pela Zona Portuária, nas últimas semanas, percebia uma parede da Fábrica Bhering sendo modificada, e acreditava que o gigantesco mural com a figura de um homem usando chapéu Panamá poderia ser uma homenagem a Eduardo Paes – o prefeito ama, mais ainda no carnaval.
A desconfiança acabou quando o artista Thiago “Haule” Rodrigues colocou uma camisa do Botafogo na figura. Paes é vascaíno fanático. O homenageado é o percussionista Wilson Almeida Mariano, 74, morador do Morro do Pinto, há mais ou menos 50 anos, onde vai acontecer, pela primeira vez, no Santo Cristo, o festival de grafite Rua Walls — responsável pelos muros grafitados nos armazéns da Zona Portuária.
“Ele é um dos mais antigos malandros do Morro do Pinto, usa o mesmo chapéu e é portelense como Paes; só o time é diferente. Queria fazer uma homenagem em vida para o Seu Wilson, sambista nato, vestido com a camisa do Botafogo, sua paixão. Ele toca nos blocos da Zona Portuária Fala Meu Louro e Pinto Sarado, e já correu o mundo com a banda do mestre Marçal (1930-1994), já vendeu churrasquinho no morro, um senhorzinho muito querido, gente boa, zoador”, diz Thiago, também morador do Morro do Pinto, dono do atelier Duas Cabeças, no Centro Cultural Capiberibe 27, que deve terminar a arte neste domingo (15/12).
O painel com Seu Wilson é o maior dos 20 murais que vão estar em vários pontos da região, como o Largo da Prainha, na Saúde, e o hotel Intercity, no Santo Cristo, Bar do Omar e o Bar do Molejão.
A primeira parte dos trabalhos será inaugurada a partir do dia 21 de dezembro, mas continua em janeiro e fevereiro, com agenda de programação cultural intensa. Este ano, o Rua Walls também vai adotar o Parque Machado de Assis, no Morro do Pinto, que será revitalizado e cuidado pelo festival, além do lançamento do “Refloresta Favela”, um braço social do festival dedicado à recuperação de áreas verdes.