Mudanças na Garcia: para comerciantes nada interfere na chiqueria
Muitos donos de lojas, instalados há mais de 30 anos, não trocariam seu endereço por nenhum outro

Desde a saída da Louis Vuitton, em dezembro, e da Hermés, até o fim de 2025, além do fechamento de algumas lojas — as mais recentes foram Valisère (lingerie), Cia. Marítima (moda praia) e Body for Sure (ginástica), no começo deste ano —, comenta-se que a Garcia d’Ávila estaria entrando numa certa baixa. No entanto, não é o que pensam os principais empresários e comerciantes; muitos deles, ali instalados há mais de 30 anos, não trocariam seu endereço por nenhum outro, nem no mais exclusivo dos shoppings.
Alguns sugerem que pode ser vislumbrada uma pequena mudança no perfil da rua, mas sempre mantendo o título de a-rua-mais-chique-de-Ipanema. O Opportunity comprou o terreno da H. Stern, a antiga loja da Nike e a joalheria Sauer, abrangendo toda a esquina da Visconde de Pirajá para um grande prédio corporativo, o que deve ampliar a sensação de segurança, uma queixa presente nas conversas. Está por ser inaugurada também uma loja-conceito da Farm, com projeto da arquiteta Bel Lobo.
Ouvimos alguns lojistas:
David Zylberman (Sara Joias): “Estamos na Garcia desde 2004 e, na minha opinião, é e sempre será a rua de maior charme do Rio. A cidade, principalmente a Zona Sul, passa por um processo de reformulação, com retrofit de alguns prédios icônicos (Hotel Everest, por exemplo) e novas construções residenciais e comerciais. A rua pode até sofrer um pouco, mas jamais vai perder o seu charme. Todas as obras só trarão um rejuvenescimento e, com certeza, será mais forte do que nunca”.
Isabela Severiano Ribeiro (Mixed): “A gente aposta e acredita na Garcia, que nunca vai perder seu charme. Sempre vai ser uma das mais chiques da cidade; precisa é dar atenção à segurança. A Mixed está na Garcia há 32 anos, acompanhada de muita marca bacana, como a Granado, a Dengo, a Momo, a Animale, a Lenny e restaurantes como Alessandro e Frederico e o Nôa”.
Lenny Niemeyer, dona da Lenny: “Acho que têm algumas marcas estrangeiras saindo da Garcia porque é difícil gringo ir pra lá; então, elas preferem migrar para o Village Mall. E, claro, tem o valor dos aluguéis. Várias marcas brasileiras bacanas permanecem. Isso é ótimo, eu vendo muito bem. As pessoas vão para shoppings porque tem praça de alimentação, brinquedos para crianças, ar-condicionado, que são fatores importantes”.
Monica Nabuco (K&T): “Estamos aqui desde 1999, acompanhando tantas mudanças, mas uma coisa nunca mudou: o charme único do comércio de rua. A Garcia tem vida, história e é o coração de Ipanema. Não me imagino em outro lugar! Acabou de abrir, em frente à K&T, uma loja de produtos de beleza sustentáveis, além de uma pâtisserie francesa maravilhosa! O que precisamos é apoiar o comércio de rua”.
Natalie Klein (NK Store): “A Garcia foi a nossa primeira casa no Rio. Estamos muito felizes por lá, desde 2010. E continua sendo uma das ruas mais charmosas da cidade. Não temos intenção de sair”.
Sissi Freeman (Granado): “Apesar do encerramento de algumas marcas, para a Granado, a Garcia d’Ávila é um sucesso tanto para cariocas quanto para turistas (brasileiros e estrangeiros). Das nossas 100 lojas, é a loja que mais recebe turistas de todo o Brasil. Por ser a mais icônica do comércio de rua da cidade, é natural que, de tempos em tempos, haja uma renovação”.