Mostra de arte sobre Clarice Lispector em caminhão-baú de 15 metros
Admiradores de Clarice Lispector (1920-1977) criaram um ambiente que a própria escritora certamente amaria estar
Admiradores de Clarice Lispector (1920-1977) criaram um ambiente que a própria escritora certamente amaria estar: a ambientação do Caminhão de Histórias, com 15 metros de comprimento, adaptado para receber mostras culturais interativas, em cartaz com “A Casa que anda. Que mistérios tem Clarice?”, baseada nos livros “A vida íntima de Laura”, “O mistério do coelho pensante” e “A mulher que matou os peixes”.
A curadoria é de Eucanaã Ferraz, poeta, consultor de literatura do Instituto Moreira Salles (IMS) e professor de literatura na UFRJ, com direção artística e cenografia de Daniela Thomas, cineasta, diretora teatral, dramaturga e cenógrafa, com intervenções dos artistas plásticos Maria Klabin, Marcela Cantuária, Raul Mourão e Mariana Valente, neta de Clarice.
O projeto está desta quarta a segunda (27/11 a 01/10), na Praça da Harmonia, Gamboa, depois vai para a Cidade das Artes, Barra (04 a 08/12), Praça Mahatma Gandhi, no Centro (10 a 15/12) e Parque Madureira (17 a 22/12).
“A obra de Clarice tem um raro poder de atração, não importando a idade e outros traços particulares de quem a lê. Sua palavra é, nesse sentido, universal. Não há dúvida de que associar a escrita com a materialidade das artes visuais e as experiências propriamente lúdicas será impactante para todos que passarem pela ‘Casa que anda’”, diz Eucanaã.
Mariana ilustrou imagens de cidades e países que sua avó visitou ou viveu, como Recife, Rio, Pisa, Genebra e Washington, intercaladas com imagens da escritora com crianças, jardins e animais. Já Thomas recriou o espaço interno a partir de fotos da casa da autora. “Clarice tem a capacidade de revelar a profundidade da experiência humana nas situações mais banais e corriqueiras da vida. Nosso objetivo é que os visitantes possam ter a experiência de olhar as mesmas coisas que sempre olham, só que agora com a sensibilidade renovada, surpreendendo-se com o que a literatura pode oferecer para a ampliar nossas perspectivas e nossa própria vida”, diz ela.
A casa do coelho foi um projeto de Raul Mourão, numa pequena casa de aço criada para retratar o misterioso desaparecimento do coelho da ficção de Clarice. Um tapete desenhado por Maria Klabin transmite a sensação do piso de um quintal, com caracóis, tatus-bola, folhas e restos de comida, que podem ser explorados com lupas de aumento. “Esses três livros fazem parte das minhas melhores lembranças com meus filhos crianças”, diz Maria.