Megaoperação: Conselho de Psicologia pede explicação ao gov do Rio
"O que muitos não perceberam — pois não ‘dá ibope’ — é a situação em que vivem os agentes de segurança pública do Rio, que trabalham abalados"
O Conselho Regional de Psicologia do Rio (CRP-RJ) enviou um ofício ao Governo do Estado pedindo explicações sobre quais medidas estão sendo tomadas para reduzir o sofrimento psicológico e social dos moradores afetados pela operação policial do último dia 28 de outubro — a mais letal da história do Rio.
O Conselho lembra que os efeitos da violência ultrapassam o momento da ação, deixando marcas profundas na saúde física e mental não só de quem vive nas comunidades da Penha e do Alemão, mas de toda a cidade.
Com base na Lei de Acesso à Informação, o CRP-RJ pediu dados sobre o planejamento da operação, os protocolos de cuidado acionados e se houve participação de equipes de psicólogos(as) no atendimento à população.
O órgão também propôs a criação de um comitê permanente para acompanhar os impactos psicossociais das operações policiais, como prevê a decisão do STF.
Do outro lado, estão os policiais. A operação mobilizou 2,5 mil agentes. Quatro deles morreram: o policial do Bope Heber Carvalho da Fonseca, 39 anos; o também policial do Bope Cleiton Serafim Gonçalves, 42; o policial civil Rodrigo Cabral, 34; e o policial civil Marcos Vinicius Cardoso Carvalho, 51, conhecido como Máskara.
A natureza imprevisível do trabalho policial expõe esses profissionais a situações constantes de alto risco e estresse. A perda de colegas aumenta a carga emocional — e ainda há uma forte pressão cultural, enraizada na ideia de ser “forte” ou “casca-grossa”, que desestimula a busca por ajuda psicológica.
Conversamos com o deputado federal carioca Sargento Portugal, policial militar que chegou a servir no Bope, sobre o tema.
“Não somos robôs ou simples peças de reposição. Somos pais, avós, filhos… Atrás de uma farda vive um ser humano, de carne e osso como vocês. Mas escolhemos uma profissão que é para poucos”, diz ele. “A megaoperação chamou atenção mundial e apresentou números nunca vistos na Segurança Pública, deixando claro que vivemos, em todo o estado do Rio, uma guerra civil. E não é de hoje.”
Portugal continua: “O que muitos não perceberam — pois não ‘dá ibope’ — é a situação em que vivem os agentes de segurança pública do Rio, que trabalham abalados e com medo excessivo de errar. Algumas cenas de policiais chorando na porta do Hospital Getúlio Vargas mostram o abalo não só físico, mas psíquico que enfrentam. Com esses quatro guerreiros tombados durante a operação, chegamos a 61 agentes assassinados no estado somente este ano — 51 deles PMs. E, junto a esses números, temos pelo menos mais oito suicídios, completando uma contabilidade macabra.”
Para ilustrar o drama, o deputado criou uma analogia: “Imagine embarcar em um avião e encontrar o seguinte aviso na porta:
‘Senhores passageiros, este piloto está há 24 horas acordado, sofrendo de estresse e depressão. Está sem carga horária regulamentada, alimentando-se mal, com um auxílio-transporte de R$ 100 mensais. Também tem sofrido assédio moral, ameaças e perseguição por parte de seus superiores… Tenham uma boa viagem!’. Você entraria neste avião?”
Atualmente, Portugal cursa faculdade de Gestão Pública. Ele é policial militar há 25 anos, sete deles cedido à Polícia Civil. Em 2002, atuou no Bope. É advogado com pós-graduação em Direito Militar.
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