Marie Bèndelac: “Ouvir vai além de simplesmente permitir que o outro fale”
A escuta empática cria um espaço seguro onde os colaboradores se sentem valorizados e compreendidos

Quantas vezes você ficou irritado ou chateado porque não se sentiu ouvido e compreendido? Em termos de comunicação nas relações, geralmente essa é a maior queixa da maioria das pessoas.
Recentemente, antes de iniciar um treinamento de Comunicação Não Violenta (CNV) para líderes de uma multinacional, a diretora de RH compartilhou uma percepção valiosa sobre os desafios de comunicação mais comuns dentro das organizações: “Marie, não sei se seu conteúdo cobre esta questão, mas acredito que parte dos problemas de comunicação está baseado em não saber ouvir: as pessoas já saem falando sem, nem ao menos, escutar o que o outro tem a dizer.”
Essa afirmação ressoa profundamente na era contemporânea, em que a velocidade da informação, muitas vezes, eclipsa a qualidade das interações humanas.
Nesse contexto, a escuta empática se torna um pilar fundamental para líderes que desejam cultivar um ambiente de trabalho colaborativo, produtivo, saudável e inovador. Ouvir vai além de simplesmente permitir que o outro fale: envolve uma reflexão crítica sobre as palavras do interlocutor, validação de suas emoções (empatia) e uma busca genuína por entendimento.
Um líder eficaz deve ser um bom ouvinte. A escuta empática cria um espaço seguro onde os colaboradores se sentem valorizados e compreendidos. Esse tipo de escuta encoraja a troca aberta de ideias, o que pode levar a soluções criativas e melhores decisões coletivas. Quando os membros da equipe sentem que suas opiniões são levadas a sério, a motivação e o engajamento aumentam.
Uma pesquisa do Dr. Paul Zak, publicada na Harvard Business Review, indica que empresas que fomentam a confiança — principalmente a confiança na liderança — têm colaboradores até 76% mais engajados e 50% mais produtivos.
Muitos conflitos no ambiente corporativo surgem por falta de comunicação clara, ou seja, quando as pessoas não se sentem ouvidas e compreendidas, facilmente assumem intenções ou significados errôneos. A escuta empática permite que líderes compreendam melhor as preocupações de suas equipes, minimizando mal-entendidos e promovendo um clima de respeito mútuo.
A empatia é uma qualidade essencial em um líder; ela se desenvolve a partir da capacidade de ouvir. Ao entender as emoções e perspectivas dos colaboradores, um líder pode tomar decisões mais informadas, que consideram o bem-estar de toda a equipe. Essa abordagem não só fortalece o vínculo entre líder e colaboradores, mas também cria uma cultura organizacional saudável e inclusiva.
Uma escuta de qualidade também é crucial para estabelecer um ciclo de feedback eficaz. Quando um líder escuta as preocupações e sugestões da equipe, ele também deve estar disposto a compartilhar suas próprias observações de maneira construtiva. Esse intercâmbio fortalece a confiança e fomenta um ambiente em que todos se sentem responsáveis pelo sucesso comum.
Para concluir, em um mundo corporativo cada vez mais complexo e interconectado, a habilidade de ouvir se destaca como essencial, tornando-se um diferencial competitivo. Os líderes que dominam a escuta ativa não apenas transformam a dinâmica de suas equipes, mas também impulsionam a cultura organizacional para um padrão mais elevado de colaboração e inovação.
Assim, em vez de simplesmente falar, investir tempo em ouvir pode ser a chave para resolver os problemas de comunicação e alcançar resultados extraordinários. Nesse contexto, a Comunicação Não Violenta (CNV) é fundamental para guiar os líderes nessa jornada de transformação, tornando a escuta uma arte prática e essencial nos ambientes de trabalho.
Boa semana e boa escuta!
