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Lu Lacerda

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Jornalista apaixonada pelo Rio

Marie Bèndelac fala sobre como a generalização estimula a violência

"Seja de forma positiva ou negativa, a generalização coloca todas as pessoas em uma mesma caixinha e gera preconceito"

Por lu.lacerda
Atualizado em 16 dez 2024, 11h20 - Publicado em 16 dez 2024, 09h00
generalizacao
 (Reprodução/Internet)
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Como a generalização estimula a violência na sociedade e nas relações

Quantas vezes, como francesa, já ouvi frases como:

“Os franceses são arrogantes”

“Os franceses são muito pães-duros”

Mas também já ouvi:

“As francesas são muito elegantes“

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“A comida francesa é muito boa”

De forma positiva ou negativa, a generalização tem um lado extremamente perigoso: coloca todas as pessoas em uma mesma caixinha, gerando um preconceito que pode levar a atos de violência extrema e fatal contra povos e etnias, como foi o caso contra os judeus, por exemplo, na 2ª Guerra Mundial.

Apesar de ser um fenômeno comum na comunicação humana, a generalização pode dividir, afastar, gerar constrangimento, ressentimento e até ódio. Tratar indivíduos ou grupos como se fossem homogeneamente idênticos pode ser profundamente prejudicial.

A partir da perspectiva da Comunicação Não Violenta (CNV), desenvolvida por Marshall Rosenberg, é possível entender de que maneira a generalização não só desconstrói como também tende a ativar um ciclo de violência nas relações interpessoais.

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Generalizar envolve a simplificação de complexidades. Por exemplo, referir-se a um grupo de pessoas como “eles” ou “os outros” tende a criar barreiras que impedem a empatia. Essa categorização ignora as histórias individuais, as vivências e as necessidades específicas de cada pessoa. Quando dizemos “todos os jovens são desinteressados”, por exemplo, podemos estar ignorando a realidade de muitos que possuem imensa paixão por causas sociais e ambientais.

A desumanização é um dos efeitos mais nefastos da generalização. Ao ver o outro apenas como um representante de um grupo, perdemos a capacidade de reconhecer sua humanidade. Isso pode levar a julgamentos severos e a ações hostis.

Em contextos de conflito, essa percepção do “outro” como um inimigo facilita a justificativa de comportamentos agressivos, pois muitos acreditam que estão lutando contra uma abstração, e não contra um ser humano.

Além disso, a generalização frequentemente alimenta preconceitos e estereótipos. Preconceitos são construções sociais que afirmam características negativas sobre determinados grupos. Quando essas ideologias são perpetuadas, a comunicação se torna um espaço de ataque em vez de diálogo, em que as necessidades e sentimentos das pessoas estão relegados a segundo plano.

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Marshall Rosenberg propõe a CNV como uma abordagem que contrasta fortemente com a generalização. Essa metodologia enfatiza a importância de observar, sentir, precisar e pedir de maneira clara e respeitosa. A CNV nos incentiva a explorar as necessidades por trás do comportamento alheio, e não a rotular os outros.

Por exemplo, em vez de dizer “você sempre esquece de fazer sua parte”, que generaliza e critica, poderíamos expressar: “Quando percebo que a tarefa não foi feita, sinto-me frustrado porque preciso de apoio na divisão das responsabilidades. Você pode me ajudar com isso?”. Essa abordagem expressa vulnerabilidade e um desejo de conexão, evitando criar reações defensivas.

Para romper com o ciclo de violência que a generalização provoca, é essencial cultivar a empatia nas comunicações diárias. Isso inclui fazer perguntas abertas, ouvir atentamente e buscar entender a perspectiva do outro, sem julgamentos. Ao humanizar as interações e reconhecermos as histórias individuais, criamos um espaço em que a compreensão mútua pode florescer.

Além disso, promover ambientes de comunicação inclusivos, em que as vozes e experiências individuais são valorizadas, pode reduzir a necessidade de generalizações. Essa prática não apenas enriquece o diálogo, mas também fomenta relacionamentos mais saudáveis e respeitosos.

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O caminho para uma comunicação mais construtiva passa pela desconstrução dessas generalizações, pela prática da Comunicação Não Violenta e pelo cultivo da empatia. Ao valorizar a singularidade de cada indivíduo, podemos transformar nossas interações e contribuir para um mundo mais pacífico, de mais respeito, compaixão e conexão.

Boa semana!

Marie
(Arquivo Pessoal/Arquivo pessoal)
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