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Lu Lacerda

Por Lu Lacerda Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO
Jornalista apaixonada pelo Rio

“Invertida”, com Thiago Soares: “Loucura é viver uma vida sem cultura”

"É muito importante pegar impulso para saltar, usar o impulso como uma ferramenta de nos jogar para algum lugar incrível"

Por lu.lacerda
7 set 2025, 07h00
Crédito: Daryan Dornelles / divulgação
 (Darian Dornelles/Divulgação)
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Histórias como a do bailarino Thiago Soares, 44, são atemporais e nunca cansam. Assim como muitos na sua profissão, teve uma infância humilde no subúrbio carioca (nascido em São Gonçalo e criado em Vila Isabel), frequentou uma escola de circo, fez acrobacia e ali o encorajaram a buscar uma escola de dança, no caso, o breakdance e hip-hop, até se descobrir no balé, um pilar. Seu corpo continua sem nenhum rebaixamento estético (se é que você me entende): parece sempre afetado pelo prazer de todas as formas de dança!

Atravessou o mundo de ponta a ponta, na ponta da sapatilha — foi primeiro-bailarino do Royal Ballet de Londres por 14 anos, conquistou medalhas no Bolshoi e, em Paris, até o ano passado, era diretor artístico e coreógrafo do Ballet de Monterrey, no México.

Decidiu voltar de vez para o Rio, tocar projetos independentes e dar oportunidade a novos talentos em seu estúdio de dança, na Barra, onde, além de balé, ensina hip hop.

Os detalhes dessa história estão em “Um Lobo Entre os Cisnes”, filme de Helena Varvaki e Marcos Schechtman, lançado recentemente. No elenco, Matheus Abreu como Thiago e o mentor cubano Dino Carrera, o argentino Darío Grandinetti (“Fale com Ela”, de Pedro Almodóvar; “Relatos Selvagens”, de Damián Szifron). “Não é a história de um bailarino que é domado pelo seu mestre”, afirma o diretor. “Pelo contrário, acho que o Dino olha para o Thiago e vê a singularidade que ele teria como bailarino justamente pela sua rebeldia”. A repercussão tem sido intensa, não apenas pelo brilho da carreira internacional, mas também pela forma como ele se expõe.

Chuteiras penduradas, só se for assinada por algum artista plástico!

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UMA LOUCURA: Viver uma vida sem cultura. Acredito que, especialmente hoje, é fundamental uma criança, um jovem, ter acesso à cultura, que, quando colocada como prioridade, junto com saúde e educação, cria um alicerce nos requisitos de sensibilidade, empatia e uma relação com as emoções e com o que as narrativas dos outros representam, e não só as nossas. Eu acredito que a cultura traz riqueza para o ser humano.

UMA ROUBADA: Perder o humor, aquela criança, aquele menino, aquela menina, aquela pessoinha que existem na gente. Qualquer coisa que a gente tenha que fazer hoje — nesse mundão diferente, rápido, às vezes injusto, às vezes lindo também — a gente precisa estar com acesso à nossa vida adulta, à nossa razão, é óbvio, mas principalmente com a nossa emoção, com a nossa essência, e que acredito estar lá naquele menino, naquela menina que nós fomos algum dia e que sonham. Eu acho que perder a essência da nossa criança que brinca e que sonha é uma roubada.

UM IMPULSO: Saltar, levitar. Se impulsionar — é muito importante pegar impulso para saltar, usar o impulso como uma ferramenta de nos jogar para algum lugar incrível e, se possível, no ar, voando.

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UM PORRE: Forçar a barra. Muitas vezes, a gente cai em situações de pessoas querendo forçar seus pontos de vista, ideologias e inquietações. Acho que a ideia de encontrar um caminho leve e bacana de vida, de diálogo, de troca é a gente encontrar o nosso flow. O próprio carioca fala muito desse flow, e eu acredito nisso. Mas muitas vezes, nesse novo mundo confuso, a gente encontra pessoas com a necessidade de imprimir suas ideias, forçar perspectivas. Acho isso um porre e me cansa um pouco; sempre tento encontrar um jeitinho de me esquivar.

UM APAGÃO: Pode ser muito positivo, como uma paradona geral pra dar uma descansada e apagar tudo, o que eu acho muito saudável hoje em dia. E também pode ser um apagão de energia, o que nunca é bom. Tenho memórias de infância do meu bairro sofrer apagão, e a única coisa legal era a família reunida pegando as velas, um momento mais íntimo. Mas se for pra escolher, prefiro ficar com o de apagar um pouco a tecnologia e dar um descanso na mente.

UMA SÍNDROME: Esse é um conjunto de sinais que vão caracterizando o começo de uma doença ou uma doença em curso. Acho que a gente tem que lutar contra todas as síndromes e se proteger e identificar quando a gente começa a sofrer.

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UM MEDO: É um sentimento de todos nós, mas, às vezes, é importante ter medo — ele cria cautela, uma observação mais ampla. Mas eu deixaria um convite a todas as pessoas que sentem medo: darmos as mãos e usar o medo como uma forma de crescimento e de análise da situação que a gente está passando.

UM DEFEITO: São vários, mas não vivemos num mundo sobre perfeição, mas como a gente lida com as imperfeições. Então é abraçar os nossos defeitos e encontrar caminhos para progredir.

UM DESPRAZER: Sapatos apertados. Os pés têm que estar sempre numa relação muito boa com o piso onde eu estou andando, com as obras que eu estou ensaiando, com a minha dança, com a minha caminhada, com os meus exercícios. O pé é o meu instrumento de vida. E uma das maiores dificuldades é encontrar calçados certos, aqueles que unem moda, cotidiano e que me trazem conforto. Difícil.

UMA PARANOIA: Do mundo moderno: as pessoas com obsessão em perfeição, em controlar os resultados para que sejam editados da melhor forma. E todos nós às vezes nos pegamos tentando sempre encontrar o nosso melhor corte, a nossa melhor versão, mas que às vezes temos que nos policiar porque isso tira a essência da verdade, do que realmente as pessoas gostam na gente. Paranoia é essa busca de sabe-se lá o quê.

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