Histórias de presidiárias trans em lençóis: a mostra de Isabela Francisco
Um enorme lençol pintado por mulheres trans anunciava o propósito do evento: “Mais amor, por favor”






















A artista plástica Isabela Francisco inaugurou, nessa quarta-feira (24/09), a mostra “Presenças Invisíveis – Mulheres Trans”, no Centro Cultural dos Correios.
Um enorme lençol pintado por mulheres trans anunciava o propósito do evento: “Mais amor, por favor”, ao lado de vários outros, ocupando uma sala inteira.
Desde 2021, Isabela desenvolve o projeto em presídios como Evaristo de Moraes e São Cristóvão, no Rio. “Cada tecido foi revestido de angústias, anseios e dores de vidas esquecidas pela sociedade. Constatei histórias marcantes e tracei meu próprio conceito. Foi uma experiência única, intrigante e muito triste. A maioria está ali por uma enorme carência e total falta de oportunidades”, contou a artista.
Os trabalhos foram criados com materiais encontrados na própria prisão, como lençóis usados. “A intenção é contar a história literalmente em cima do que elas dormem, do que elas comem. A arte consegue penetrar no invisível e mexer no subconsciente, trazendo e levando memórias, afagando e remexendo no limbo humano. Quando reunimos artistas dispostos a trabalhar junto à sociedade, tudo pode mudar. A arte salva, construindo novas visões”, diz Isabela.
A exposição reúne ainda esculturas e pinturas da artista relacionadas ao tema, além de uma série de imagens de presas transexuais feitas por Sebastião Reis Júnior, ministro do Superior Tribunal de Justiça. As fotos foram tiradas no Centro de Detenção Provisória Pinheiros II, em São Paulo, e algumas publicadas no livro “Translúcida” (Editora Amanuense, 2023).
Na mostra, esses registros ganham novo significado, sobretudo na obra “Soberana”, uma das peças centrais da exposição.
Hoje, o presídio de São Cristóvão abriga cerca de 115 pessoas trans (entre homens e mulheres), em um total aproximado de 450 detentos.