Lu Lacerda
Por Lu Lacerda
SEGUIR
SEGUINDO
Gastronomia por Bruno Calixto, especial de férias Serra da Canastra
A Canastra são muitas, é logo ali, uai!
Fora a surpreendente relação do mineiro com as distâncias e a delicadeza da hospitalidade única, é bonito ver o “jeitin” de fazer queijo no terroir mais icônico do Brasil, agora chancelado pela Unesco como Patrimônio da Humanidade.
Em Delfinópolis (MG), a vida no campo começa às 4h, quando as crianças vão para a escola, na cidade, e os pais iniciam a ordenha para fazer o queijo. No entorno do grandioso Parque Nacional da Canastra, convivem serras de paredões verdes exuberantes, centenas de produtores rurais, vacas e mais vacas. Destino de natureza estonteante, lindas cachoeiras e a meca da produção do Queijo Minas Artesanal (QMA) — o mais recente Patrimônio da Humanidade da Unesco —, a Canastra tem sido procurada, cada vez mais, pelos cariocas em busca de aventura e gastronomia mineira na fonte. A dica da coluna para as férias 2024/25.
A Serra da Canastra tem dois lados: um deles, com base na cidade de São Roque, onde os queijos são mais ácidos e salgados; os mais famosos, e premiados também. Mas é no lado do município de Delfinópolis que estão os mais saborosos (capim nativo do Cerrado), assim como a maior parte das cachoeiras (cerca de 150).
“Essa terra, ela é tão especial, aquele maciço, do outro lado do maciço é o alto Paranaíba, que deságua no Paraná e que vai para o rio da Prata, é a grande bacia do rio da Prata do sul, do continente. E, do lado de cá, nasce o rio São Francisco, que é o maior rio em extensão do Brasil”, disse-me o secretário Leônidas Oliveira, de Cultura e Turismo do estado de Minas Gerais.
Minas Gerais tem 15 regiões caracterizadas como produtoras de queijos artesanais: Araxá, Canastra, Campos das Vertentes, Cerrado, Serra do Salitre, Serro, Triângulo Mineiro, Serras de Ibitipoca, Diamantina e Entre Serras da Piedade ao Caraça.
Faz lembrar o doc “O mineiro e o queijo”, de Helvécio Ratton, que conta como a técnica de produção artesanal de queijo chegou a Minas Gerais no século XVIII, trazida por aventureiros portugueses em busca de ouro. Hoje, quase 30 mil famílias vivem da produção do queijo artesanal em todo o estado. O jornalista que vos fala visitou quatro queijarias — para você correr, arrumar as malas e partir para a Canastra.
Reserva do Lago
Uma linda história de amor interrompida e um queijo fruto dessa relação que transpõe barreiras. O agrônomo e geneticista Thiago Vilella usou o luto pela morte do companheiro como fermento para produzir um dos queijos mais premiados da Canastra, o Serra do Lago, lançado em 2021. A queijaria era a casa de veraneio do casal, agora uma espécie de santuário para homenagear o homem amado e também fazer um queijo de primeiríssima qualidade.
Um dos segredos, conta Vilella, é o capim e o uso de silagem de milho para alimentar o gado em épocas de seca, “para garantir um queijo menos ácido.” A produção diária é de 20 a 25 peças, vendidas pela Internet, de R$ 100 a R$180 (kg). São inúmeras variedades do produto, de acordo com o período de maturação: 14 dias, 30, 45… Para ser um QMA (Queijo Mineiro Artesanal), são precisos quatro itens: leite, coalho, pingo (fermento natural) e sal. E para ser comercializado são necessários no mínimo 14 dias de maturação. A experiência inclui provas de seis queijos, e o almoço sai por R$ 150.
Reforço: o pingo é a água que escorre do queijo do dia anterior, fermento natural; o DNA do Terroir fica no pingo. Esse cara tem de 10 a 15 vacas.
Casca lavada ou casca florida? Guarde bem essas duas expressões usadas para denominar se quejo é liso ou “mofado”. Deus me livre da ira de um francês bairrista, mas o nosso é muito melhor. Simplesmente porque é fresco, não viaja tanto.
Queijaria Vale da Gurita
Fica dentro do Parque Nacional da Canastra; entenda por isso muitas, mas muitas cachoeiras lindas por perto. Das 25 vacas saem 25 litros de leite/dia em duas ordenhas diárias. O passeio pela linda propriedade com a degustação dos queijos custa R$ 35. Amado por alguns, recheado por muitos, o Canastra Real é do tamanho de um volante de carro, maturado por seis meses.
Aproveite para passar no restaurante Lá da Serra, onde a chef e mestre cervejeira Flávia Ferreira faz o impossível e ainda atende o cliente da melhor forma, como se isso fosse difícil em Minas. O salão é no quintal, uma enorme mesa para compartilhar, em meio ao pomar onde brotam jabuticabas, amoras, pitangas, cajus, bananas, mangas e muito mais …. Vamos ao show! O almoço (R$ 180) começa com uma tábua de queijos da Canastra harmonizados com cervejas feitas pela Flávia — um mundo de combinações frescas, intensas e também inteligentes. “Passei a fazer cervejas quando percebi que não era tão complicado como fazer vinhos. Em casa é possível, e combina tão bem com os queijos daqui, que têm temperaturas mais altas.”
O tutu leva queijo na mistura; o vinagrete, carambola do quintal. A carne de porco é da lata (especialidade mineira de conservar a carne com gordura do porco na lata). O doce de manga vai com um fio de azeite mineiro (fresquíssimo!!!). É experiência para sugerir aos amigos e aplaudir no final.
Queijaria Porto Canastra
Numa fazenda que perdeu ⅓ de tamanho para a represa que abastece a região. Antes, eram sete carros e hoje somos nove mil habitantes”. Há oito anos produzindo queijo com uma história bonita e sustentável por trás: o mínimo de interferência; nada de ração (ou seja, 100% pasto) e ordenha, que começa com o bezerro estimulando a saída do leite para só depois entrar a ordenha manual. É a primeira queijaria a obter o selo municipal e a primeira vencedora de concurso por Delfinópolis. A ideia, informam os proprietários, é criar um consórcio entre 20 municípios para a livre circulação sos queijos. A produção diária é de seis a sete queijos, de 12 vacas ordenhadas. O resultado? Produtos com 14, 30 e 45 dias de maturação, além de outros, como o Canastra Real, que consome 90 litros de leite e fica por 50 dias maturando. Um Canastra convencional, por exemplo, leva cerca de 11 litros de leite. A experiência com provas de queijos e café custa R$ 50 e com vinho, R$ 80.
Quinta de Sant’Ana
Desde 2019, um casal de campinas comprou uma propriedade para casa de veraneio e… mais uma queijaria de sucesso. São deles os canastras feitos a partir de 50 vacas (15 queijos por dia), cujo sabor traduz o investimento no capim capiaçu, desenvolvido pela Epamig para resistir ao frio.
Um pulo no Parque Nacional da Canastra
São 200 mil hectares e trilhas que levam a cachoeiras com água cor de Coca-Cola e temperatura amena. Carioca vai amar!
O jornalista viajou a convite do Governo de Minas Gerais.
Serviço de bordo: voos diários saem do Rio em direção a Belo Horizonte ou Uberlândia, de onde dá para alugar um carro e partir para a Canastra, por entre 5 e 6 horas de estrada. É tudo tão lindo (as montanhas de Minas passam num piscar de olhos).
Não deixe de levar: repelente (muito!!!), filtro solar (é bem quente e faz muito sol), roupas leves para caminhadas, bota (pisar em pasto), garrafa térmica para ter sempre sua água geladinha em mãos. Ah, o mais importante: disposição para comer maravilhosamente bem!
Onde ficar: uma das mais recentes e procuradas opções de estada é a pousada Casa Erva-Doce, onde os oito chalés têm vista para a Canastra, com hidro no deck. Charme total! Além disso, uma adega impressionante com rótulos mineiros e internacionais, café da manhã digno de Minas e a hospitalidade do casal Beatriz Alcântara e João Carlos Vera, que recebem o hóspede com café, queijo e goiabada. Você não vai querer outra coisa da vida. Diárias a partir de R$ 995, o casal.
Seu guia pode ser o craque da Vinícius Canastra Running @vinicius_canastrarunnig, que sabe tudo e mais um pouco da Canastra inteira. “Durante o percurso, você terá a oportunidade de visitar queijarias locais, onde poderá degustar deliciosos queijos Canastra artesanais e aprender sobre o processo de produção, uma verdadeira iguaria da nossa região.”
Uma das ofertas irrecusáveis é o Caminho do Céu, a cerca de uma hora de carro (80km), subindo até o topo da Canastra. Um dia mágico, para explorar o melhor da natureza e da cultura locais.
Riocard x Jaé: como será a transição dos bilhetes de transporte no Rio
TOSTITOS™ chega ao Brasil para incrementar encontros com amigos e família
Nas redes sociais, Eduardo Paes anuncia novos secretários municipais
Coqueluche: tudo que você precisa saber
Jingle Bells, Jingle Bells: veja as músicas de Natal mais tocadas
