Flavia Castro lança longa “As Vitrines” e abre janelas para o passado
A diretora volta ao tema da memória e da Ditadura Militar, que ela descreve como obras de “construção de lembranças”













A cineasta Flavia Castro lançou “As Vitrines” no Estação Net Botafogo, pelo Festival do Rio, nessa segunda (06/10), depois da pré-estreia internacional no Festival de Biarritz, na França, na última semana.
“Estive pela primeira vez no festival em 2010, com o doc ‘Diário de uma busca’, onde o filme ganhou o prêmio Abrazo de melhor documentário. No ano seguinte, em 2011, o festival completava 20 anos e fiz parte do júri de documentários. Em 2019, voltei com meu primeiro longa de ficção, ‘Deslembro’, que saiu de lá com o Prêmio da Crítica. Foi uma alegria voltar a um festival que me viu nascer como cineasta — ainda mais em um ano em que o cinema brasileiro estava tão presente por lá. Foi incrível ver a sala de 1.300 lugares lotada nas duas sessões”, diz Flavia.
A diretora volta ao tema da memória e da Ditadura Militar, que ela descreve como obras de “construção de lembranças”, com o novo longa inspirado em sua infância, ambientado na embaixada da Argentina, em Santiago, logo depois do golpe de 1973. As crianças Pedro (Gael Nordio) e Ana (Helena O’Donnell), filhos de brasileiros exilados no Chile, vivem a tensão do confinamento, mas também um momento de descobertas.
Na sessão, Adriana Rattes, uma das fundadoras do Grupo Estação, distribuiu monóculos com imagens de cenas do longa. Para quem nasceu na era do “zoom digital”, um monóculo é um antigo artefato que fazia basicamente a mesma coisa — só que sem precisar carregar na tomada.
O filme marca a primeira atuação de Gabriel Godoy em espanhol, interpretando militantes latino-americanos em busca de refúgio político. Assim como Flavia, que lançou outro longa no sábado (04/10), “Cyclone”, com Luiza Mariani, o ator também está em “Virtuosas”, de Cíntia Domit Bittar, com sessão na sexta (10/10).
“O Festival do Rio é minha casa, é o lugar onde mais vi filmes na vida — e onde estive com os dois outros que fiz. Então é emocionante estar aqui com os dois. É uma alegria gigante”, resume Flavia.