Festa para Vinicius: família lança Kabuletê e celebra 112 anos do artista
“Queríamos um nome mais sonoro, musical. Pensamos em mil nomes, mas parece que Kabuletê estava guardado esperando”, disse Georgiana de Moraes




























Vinicius de Moraes se mistura com a alma cultural do Rio, e nessa terça (21/10), mais uma festa pelos seus 112 anos, na Casa Camolese, no Jardim Botânico, com inauguração da Kabuletê, novo nome da VM Cultural, fundada no fim dos anos 1980 para cuidar do acervo do artista.
A ideia do novo nome veio do designer Emilio Rangel, da EML, que trabalha com a VM desde 2013. A inspiração foi do título e o refrão de “A Tonga da Mironga do Kabuletê”, parceria de Vinicius e Toquinho, sucesso nos anos 70 — um expressão em nagô que a então mulher do poeta, Gessy Gesse (a sétima das nove!), ouviu no Mercado Modelo, em Salvador.
“Queríamos um nome mais sonoro, musical. Quando Vinicius criou a empresa com o Toquinho, chamou-a de Tonga. Pensamos em mil nomes, mas parece que Kabuletê estava guardado esperando”, contou Georgiana de Moraes, filha do poeta.
No último fim de semana, a família também inaugurou a mostra “Vinicius de Moraes – Por Toda a Minha Vida”, no MAR. Mas a noite na Camolese teve outro tom: leve, musical, com show de Mart’nália, que lançou em 2019 um álbum com músicas de Vinicius — vencedor do Grammy Latino —, e participação da cantora Mariana de Moraes, neta do homenageado (filha do fotógrafo Pedro de Moraes e da atriz Vera Barreto Leite). DJ Tata Ogan completou o clima carioca no som.
“Sempre cantei Vinicius, que é quem melhor fala sobre a mulher. Ele amava as mulheres, isso sempre me cativou”, disse Mart’nália.
Entre os convidados, gente que conviveu com o artista nos tempos áureos do Rio boêmio — e outros que carregam laços de afeto com suas filhas, netos e o imenso legado do autor de “Garota de Ipanema”.
“Estou aqui como parceiro dele, que reunia a garotada e ficava nos alimentando de poesia. Era um homem generoso, distribuía sua humanidade para todos nós. Quando tinha 15 anos, queria imitá-lo e fiz minha primeira música. Foi gravada por Nara Leão e me marcou tanto que coloquei no disco que lancei no ano passado”, relembrou Jards Macalé, que fez com Vinicius o poema “O Mais Que Perfeito”.
A atriz Patrícia Pillar, protagonista do filme “Para Viver um Grande Amor” (1983), inspirado na peça de Vinicius e Carlos Lyra (“Pobre Menina Rica”), disse: “Ele reunia o melhor do Brasil, tinha a percepção do que é de fato o país. Essa habilidade faz com que ‘Pobre menina rica’ seja até hoje absurdamente contemporânea. Vinicius era aberto a entender o ser humano, aceitava as diferenças. Por isso transitava tão bem por todos os lugares.”
Durante a festa, um telão mostrava fotos raras, frases e trechos de suas criações no cinema, na literatura, na poesia, na música e até no universo infantil.
No fim, Georgiana, Maria e Mariana de Moraes — filhas e neta do poeta — subiram ao palco para cantar “Tonga da Mironga do Kabuletê”, e o público respondeu como quem diz: Vinicius vive e adoraria estar ali, já que a vida social era intensa.