Entre barro, gesto e memória: a viagem visual de Marco Tulio Resende
"Pequenas histórias sobre os dias e as noites do mundo” abriu na Cassia Bomeny Galeria, em Ipanema, com curadoria de Marcus Lontra




















O artista mineiro Marco Tulio Resende abriu nova exposição, com nome poético “Pequenas histórias sobre os dias e as noites do mundo”, na Cassia Bomeny Galeria, em Ipanema, nessa quarta-feira (06/08). A curadoria é de Marcus Lontra, e a mostra tem um pouco de tudo: pinturas, desenhos, relevos e objetos.
Marco é essa mistura entre o abstrato e o figurativo, com referência a Amilcar de Castro, Antoni Tàpies, Torres García e até a potência visual das máscaras africanas. Segundo Lontra, “a arte do Marco é aquela que olha pro passado com carinho, mas não descola do presente, com seus dilemas e delícias”.
Resende é parte da chamada “tríade mineira”, ao lado de Manfredo Souzanetto e Marcos Coelho Benjamin — um trio que mexeu com a arte brasileira a partir do traço, da terra, do gesto.
Na exposição, duas grandes telas de 2008 chamam atenção, mas é a série de esculturas em cerâmica que faz a gente parar. Elas se inspiram numa história pesada (e real): a do Bairro das Cabeças, antiga entrada de Ouro Preto onde, no século XVIII, as cabeças de condenados eram expostas em praça pública como forma de alerta. As peças foram feitas com terras de várias cidades mineiras, transformadas em argila e queimadas num forno japonês tradicional — o Noborigama — a 1.280°C por três dias seguidos. Uma alquimia de barro, fogo e memória. A mostra vai até 20 de setembro.