Doce Maravilha: festival vibra com “O vira” de Ney e Marisa. Vídeos!
Fado, sucesso com o Secos & Molhados, foi atração da noite, incluindo o bis e coreografia coletiva
























O Rio estava especial nesse sábado (27/09). Primavera fria na medida, céu azul, trânsito comportado (milagre!) e um mar de gente a caminho do Jockey para o Festival Doce Maravilha. Dava pra “tocar” a energia em várias situações — filhos, muitos deles bem crianças acompanhados dos pais (para assistirem a Adriana Partimpim, álbum infantil de Adriana Calcanhotto), criatividade nos figurinos, a decoração, o tamanho dos palcos, os banheiros limpos, opções veganas e vegetarianas na praça de alimentação, áreas de hidratação, uma estrutura que merece elogios.
O povo começou a chegar na hora da abertura dos portões, ao meio-dia, com muitos escolhendo almoçar ali no Baixo Gávea, lotado do início ao fim. No vaivém entre os palcos rolavam experiências musicais itinerantes: capoeira com Mestre Pedeboi, o Boi Maravilha animando o público e o grupo As Jararaca & Edmilson dos Teclados.
Dependendo do evento, o Jockey pode receber até 15 mil pessoas, mas a maioria chegou mais tarde, para a atração principal, Ney Matogrosso e Marisa Monte. Antes, encontro da Orquestra Imperial com Gaby Amarantos e Jotapê homenageando Erasmo Carlos, com vários convidados, e a força da catarse coletiva do BaianaSystem, com uma apresentação energética, mas o público estava mesmo na intenção da dupla. Os convidados da lista de Carol Sampaio e dos patrocinadores do evento ficavam do lado esquerdo do palco, separados do público por grades — chegou a rolar até “tráfico” de bebidas dos VIPs para os vipinhos da pista.
No aquecimento, quem entrou foi Nelson Motta, curador do festival criado pela Bonus Track, como DJ, com o DJ Lôu Caldeira, tocando hits dançantes dos anos 1970/80 — ele criou cinco casas noturnas, entre elas a histórica Frenetic Dancin Days, mas nunca chegou a tocar e nem dançar, curtia mesmo era ver a pista lotada. A carreira de DJ surgiu há pouco, em algumas festas para os 50+.
E então, o momento esperado: Ney surge em um macacão dourado reluzente, abrindo com “Eu Quero É Botar Meu Bloco na Rua”, emendando com de clássicos do rock brasileiro — “Jardins da Babilônia” (Rita Lee), “A Maçã” (Raul Seixas), “O Beco” (Paralamas) e “O Último Dia” (Moska).
Na sequência, “o momento mais esperado da noite”, como disse o próprio Ney, chamando Marisa. Vestido prateado, ela retribuiu chamando-o de “Deus”. O público explodiu. Poucos sabiam que já tinham dividido palco em 2023, no show “Primavera dos Bichos”, no Vivo Rio, evento beneficente para o Instituto Vida Livre, e constatação absoluta: química imediata.
Teve inédito: o fado “O Vira” (1973), sucesso do Secos & Molhados que Ney não cantava desde 1999, que ele só topou porque era com Marisa. Foi a escolhida para o bis, com coreografia coletiva no palco e plateia. Na saída, era nítido o estado de graça e felicidade das pessoas, mesmo com algum engarrafamento humano. Baixo Gávea não deve ter dormido essa noite, mas nada de caos, só festa.
Tem mais neste domingo (28/09), com Pretinho da Serrinha, Paulinho Moska, Liniker (comemorando um ano do álbum Caju), Lulu Santos, Pabllo Vittar, Priscila Senna, Melly, BaianaSystem novamente e, claro, Zeca Pagodinho com Martinho da Vila e Alcione. São 45 atrações em três dias, cuja liberdade artística é a alma do evento: os músicos podem reinventar clássicos, resgatar sonoridades esquecidas, homenagear, surpreender — é festa de criação.