Delicadeza: bordado em folhas de árvore do Instituto Nise da Silveira

Os artistas Rosane de Souza e Roberto Kleber vão expor no Galpão das Artes Urbanas Hélio Pellegrino da Comlurb, na Gávea, a partir desta quinta (13/03), na mostra “Alinhamentos: fios que conectam o consumo e o meio ambiente”.

Rosane faz bordado em tecidos sobre folhas secas colhidas de uma figueira centenária do Instituto Municipal Nise da Silveira, no Engenho de Dentro. Numa delas, esboçou Coco Chanel (1883-1971) com uma de suas frases: “Sou contra a moda que não dure”.

A mostra chama  atenção sobre o excesso de consumo e o descarte de roupas que levam ao acúmulo de lixo, péssimo para o meio ambiente. “A relação com as linhas e suas cores me dá uma sensação de liberdade e, de certa forma, me conecta com a minha própria história — minha mãe era costureira e bordadeira”, diz Rosane.

Na última entrevista da estilista francesa, em 1969, ela fala o quanto é importante não se deixar levar por tendências efêmeras. A moda rápida não prejudica apenas o meio ambiente e as condições de trabalho na indústria têxtil, mas também sufoca a criatividade e a originalidade dos estilistas, com criações superficiais, baseadas em tendências e sem identidade própria.

Além de Rosane, o artista Roberto Kleber cria painéis e esculturas estruturados em papelão, além de esculturas com galhos de árvore em que o elemento têxtil entra compondo a peça. Complementando o trabalho, haverá duas apresentações (dia 19 de março e 16 de abril, às 11h) da peça “O Espetáculo Darwin Plus W”, escrita por Roberto. Nela, ele fala da sustentabilidade, do consumo exagerado e do descarte de roupas – a indústria é uma das que mais poluem o mundo. Apenas no Brasil, 170 mil toneladas desses resíduos são produzidos por ano, sendo que somente 20% são reciclados.

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