De Próprio Punho, por Martina d’Avila: “Quem tem que limpar é a Comlurb?”
É impossível não prestar uma homenagem a esses verdadeiros heróis que trabalham incansavelmente para manter nossa cidade mais limpa

Neste ano em que a Comlurb comemora meio século de história, 05 e, consequentemente, mais bonita. São homens e mulheres que, muitas vezes, começam seus dias antes do amanhecer, enfrentando sol, chuva e, não raramente, a falta de consciência coletiva da própria população.
Mas, convenhamos, não está mais do que na hora de a gente, como sociedade, repensar a nossa parte nessa história? Porque não dá pra seguir jogando lixo no chão e achar que “tudo bem”, porque “tem quem limpe”.
Quantas vezes já vimos cenas que são, no mínimo, desanimadoras: gente que faz piquenique e deixa tudo largado, eventos que terminam com montanhas de copos, garrafas e outros objetos espalhados, e na praia… Ah, a praia! então, a situação beira o absurdo. Já vivi situações em que, ao pedir educadamente que alguém não jogasse lixo ou bitucas de cigarro na areia, recebi como resposta: “Pago meus impostos. Quem tem que limpar é a Comlurb.” Dá vontade de perguntar: e o bom senso, paga onde? Existe atitude mais egoísta, mal educada e desconectada do que essa?
O fato é que falta, sim, consciência coletiva! A gente ainda tem aquele jeitinho meio egoísta de achar que o espaço público é terra de ninguém. Vale pra tudo: lixo na rua, ciclistas e motinhas nas calçadas obrigando pedestre a se equilibrar no meio-fio… É cada um por si e, se der, pra ninguém.
Tive a sorte e o privilégio de ser educada em um ambiente em que não jogar lixo na rua, fazer a separação dos resíduos e buscar reduzir ao máximo o uso de materiais poluentes eram práticas simples, cotidianas, tão naturais quanto escovar os dentes. Esse olhar se reflete diretamente na minha vida profissional — em todos os eventos que organizo, priorizamos materiais recicláveis, biodegradáveis e buscamos sempre gerar o mínimo de impacto ambiental.
Talvez seja exatamente por isso que, todas as manhãs, quando caminho pelo Aterro do Flamengo — um dos cenários mais lindos do Rio —, tiro o chapéu, com todo o respeito e admiração, para os trabalhadores da Comlurb. Eles são, de fato, os heróis silenciosos da nossa cidade.
Porque, no fundo, manter a cidade limpa é responsabilidade de todos nós. Eles limpam, sim. Mas a gente pode e deve ajudar.
Martina Barth d’Avila é alemã, carioca por escolha e por paixão. Diretora da Sonimage, tem mais de 25 anos de experiência internacional liderando projetos de branding, eventos e experiências de marca no Brasil e na Europa. Economista (Mackenzie), com pós em Marketing (ESPM) e MBA em Negócios Internacionais (Université Paris-Dauphine), é cidadã do mundo. É produtora do Latin America’s 50 Best Restaurants, fundadora do Rio Coffee Nation e representante oficial da TimeOut no Brasil.