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Lu Lacerda

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Jornalista apaixonada pelo Rio

Por Claudia Kopke (figurinista): “Com Walter, foi tudo diferente”

"Estou me sentindo premiada só pelo fato de as pessoas falarem comigo sobre 'Ainda estou aqui'", diz a figurinista da produção

Por lu.lacerda
Atualizado em 25 jan 2025, 07h53 - Publicado em 25 jan 2025, 07h00
Figurinista Claudia Kopke, de "Ainda estou aqui"
 (Mariana Leite/Divulgação)
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claudia e walter
Claudia Kopke e Walter Salles entre os roteiristas Heitor Lorega e Murilo Hauser (ganharam como melhor melhor roteiro do 81ª Festival de Veneza, por “Ainda Estou Aqui”, no ano passado, quando o filme foi aplaudido por 10 minutos) (Reprodução/Arquivo pessoal)

Estou me sentindo premiada só pelo fato de as pessoas falarem comigo sobre o “Ainda estou aqui”. Alguns dizem “porque no seu filme,”…”. Realmente, me sinto parte dessa história!

O figurino de um filme, embora seja uma parte importantíssima do entendimento da história contada, é bem pouco valorizado. Raríssimas vezes premiam um figurino. Então estou aprendendo um outro jeito de me sentir premiada. Gostei quando a Nanda (nossa Fernanda Torres) disse numa entrevista à Vogue: “A moda, no teatro, no cinema, na tv, é o teu figurino, a tua segunda pele… O figurino que te veste age na tua alma, tem um significado. Então, figurino e atuação são muito ligados. Às vezes, você está ensaiando e, quando chega o figurino, aquilo completa o que você queria.”

Espero ter feito um bom trabalho, à altura do convite e, claro, sem esquecer a minha alegria da convivência com pessoas maravilhosas envolvidas nesse inesquecível projeto, tanto as que estavam na tela quanto as que estavam fora dela. Um trabalho que está tendo visibilidade, e isso é ótimo não só pra mim como também pra outras e outros figurinistas.

Eu nunca tinha trabalhado com o Walter (Salles) — foi tudo diferente do habitual. A delicadeza é tanta que tive de aprender a ler suas expressões faciais, se gostava ou não de determinadas propostas. Ele foi o mais discreto possível: ficava até difícil entender que tinha de melhorar alguma coisa. Ele era o mais discreto possível. O jeito analógico de olhar as pranchas de figurino na parede, como se fazia antigamente (sou antiga), fez toda a diferença pra que eu pudesse olhar o todo. Pequenos toques e escolhas que, só depois do filme montado, vim a compreender: lições que levei pra vida.

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No Brasil, a gente precisa ser múltipla e estar aberta a muitas propostas. Desse jeito, a vida me levou a aceitar trabalhos em diferentes áreas. Ainda bem! Fiz na televisão linha de show (anos do programa “Esquenta”, comandado por Regina Casé, que eu amava), novela, programa de humor. No teatro, tive a honra de receber o prêmio Shell pelo musical do Chacrinha dirigido por Andrucha Waddington, com quem também trabalhei no filme “Casa de Areia”, protagonizado pelas Fernandas (Montenegro e Torres). Foi um trabalho muito bacana, então toda essa parte de troca de roupa, de confiança, de achar o figurino foi tranquilo pra mim.

Fiz ainda o figurino de algumas óperas dirigidas por Alberto Renault. Com a Cia. Déborah Colker, concebi  o figurino da trilogia “Cão sem plumas, cura e sagração”. E olha que chique: vai ser apresentado na Sala São Paulo, junto com a Osesp. Assinei o figurino da abertura das Olimpíadas (o maior espetáculo da Terra) Rio 2016, e fizemos bonito, hein? Pudera, olha o trio de direção: Andrucha Waddington, Daniela Thomas e Fernando Meirelles.
Assinei o figurino de inúmeros filmes, e o mais interessante quando você recebe um roteiro é poder pesquisar e se aprofundar em alguma história. Eu leio, pesquiso, imagino e uso minhas memórias afetivas para aí traduzir em imagens o que, posteriormente, vai virar realidade e a “pele” dos atores. Esse trabalho é o que aparece na tela ou o que não deveria aparecer tanto na tela, pra que se acredite nos personagens.

Enquanto estou escrevendo, nosso filme foi indicado em três categorias ao Oscar: Melhor Filme Estrangeiro, Melhor Atriz e Melhor Filme. Não é pouca coisa. Eu não poderia estar mais emocionada, mais feliz. Que notícia! Quando um filme é indicado, todos nós nos sentimos indicados.

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Walter Salles, quando fez um vídeo na Criterion Collection, citou Tarkovsky, que costumava dizer que o cinema só existe se todas as pessoas envolvidas estiverem na artéria do filme. E nesse filme, todos nós estávamos.

Claudia Kopke é figurinista reconhecida, com trajetória no cinema, no teatro, na ópera e até em grandes espetáculos, como as Olimpíadas de 2016. Nessa arte tão coletiva, tem sempre elogios para aqueles com quem trabalha — é um dos seus traços. Nascida em Niterói, formada em Letras, é nos figurinos que mostra seu máximo talento.  

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