De Próprio Punho (Patricia Mayer): “Me pergunto se endureci como pessoa”
Tenho uma “pop up” me acompanhando há 34 anos seguidos, acontece uma vez ao ano, dura cerca de 2 meses e é intensa e fascinante
Tenho uma “pop up” me acompanhando há 34 anos seguidos, acontece uma vez ao ano, dura cerca de 2 meses e é intensa e fascinante. Mal comparando (mas comparando), a pop up no meu caminho é como a mesa do bolo decorada em festa de criança: depois do parabéns é literalmente atacada e destruída (e não culpem só as babás). Essa semana, minha pop up anual, a CasaCor Rio 2025, chegou ao fim. E mais uma vez evito acompanhar os primeiros dias da desmontagem — obras de arte, móveis, tapetes, cortinas indo embora e os ambientes lindos pouco a pouco desaparecendo, os espaços voltando ao original, completamente vazios.
Essa dinâmica pop up inerente à CasaCor e outros eventos — algo que surge e depois de algum tempo desaparece por completo e, no caso da CasaCor todos os anos se repete — muito me ensina em outras áreas da minha vida. Hoje lido bem com efemeridade da existência, incorporei a noção de que tanto o que é muito bom quanto o que incomoda passa, quando as coisas dão errado acontecem outras maravilhosas que jamais teriam acontecido se tudo tivesse dado certo. Sou mais paciente, confio no passar do tempo, ajuda em tudo.
A temporalidade dos acontecimentos e fatos não necessariamente são ruins se nos dispusermos a vivenciá-los intensamente quando estão acontecendo, como procuro fazer no período da CasaCor. Fico esgotada, exausta…e feliz. Estou diariamente por lá e evito compromissos fora, tento me conectar ao máximo com os arquitetos expositores, fornecedores. Na social amo receber os amigos, comemorar aniversários de gente querida. E, principalmente, me encanta e estimula sentir a satisfação do público visitante.
Nessa última edição, alguns grupos que liderei visitas guiadas, ficaram surpresos com a empolgação que apresento o evento —mesmo às vésperas de completar 35 anos à frente desse negócio com minha sócia Patricia Quentel. Às vezes me pergunto se endureci como pessoa, se esse vem e vai da montagem/desmontagem repetido tantas vezes me deixa mais insensível à perdas e mudanças inerentes ao cotidiano, à vida em geral.
A verdade é que tento compensar essa sensação deixando a melancolia aflorar no final do evento, mas bastam alguns dias para eu estar nova em folha e de olho no próximo ano, curiosa e animada com as possibilidades de onde vamos sediar a próxima edição, quem vai participar, apoiar. Pode ser que outras pessoas da área de eventos se sintam assim como eu — ou não, dependendo do grau de envolvimento de cada um. Costumo comparar a CasaCor à minha casa, sei o quanto nós, as diretoras, fazemos a diferença com presença e participação.
É diferente de feira, shows, onde a organização pode ficar nos bastidores. Lembro que no passado, com filhos pequenos, eu tinha vontade de passar o período da CasaCor num apart hotel, sem ter que cuidar de mais nada, só me dedicando ao evento. Acho que no fundo é paixão pelo que faço mesmo, e é bom demais me sentir assim, sempre renovada na minha atividade a cada ano. E, como acontece na vida, sei lidar com os sabores e dissabores inerentes à função, com satisfação e muita coragem, ano a ano. E lá se foram 35 para contar muitas histórias.
Patricia Mayer é sócia do CasaCor Rio, numa trajetória de 34 anos, completados em 2025, desse evento que já lançou muitos nomes. A próxima edição, comemorativa, vem com tudo para 2026.
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