Comunicação Não Violenta, por Marie Bèndelac
Por que a falta de empatia prejudica as pessoas e as organizações?
Tendo uma personalidade muito empática, eu sempre sofri com a falta de empatia de algumas pessoas, mas até me aprofundar no estudo da Comunicação Não Violenta (CNV), há 15 anos, eu não tinha plena consciência do quanto isso podia ser prejudicial para a sociedade.
A empatia, entendida como a capacidade de se colocar verdadeiramente no lugar do outro, se conectar e ter compaixão pelos sentimentos e pelas necessidades do outro, é essencial nas relações interpessoais. Segundo o psicólogo Marshall Rosenberg, o pai da CNV, é “a compreensão respeitosa do que o outro está sentindo e precisando”.
Sua ausência não apenas provoca sofrimento emocional nas relações, mas também afeta negativamente o desempenho e a cultura organizacional dentro das empresas.
Nas relações interpessoais, os impactos negativos são os seguintes:
1. Desconexão emocional: a empatia é a base para a formação de laços emocionais saudáveis. Quando as pessoas falham em se compreender, a sensação de desconexão e isolamento aumenta. Essa desconexão pode gerar solidão e frustração, levando a um sofrimento emocional profundo.
2. Conflitos e mal-entendidos: a falta de empatia frequentemente resulta em conflitos. Quando as pessoas não tentam compreender as perspectivas uns dos outros, os mal-entendidos se tornam comuns. Isso pode levar a discussões desnecessárias e desentendimentos que ferem emoções e desgastam relacionamentos.
3. Comunicação deficiente e ineficaz: a empatia facilita uma comunicação aberta e honesta. Sem ela, as pessoas podem hesitar em expressar seus sentimentos e necessidades, criando um ambiente onde a comunicação é superficial ou totalmente ausente. Isso pode perpetuar problemas não resolvidos e aumentar as tensões.
4. Desconfiança e ressentimento: a ausência de empatia é frequentemente percebida como egoísmo ou indiferença. Isso gera desconfiança e ressentimento, dificultando ainda mais a construção de relações saudáveis e produtivas.
Nas empresas, os principais impactos negativos são os seguintes:
1. Altas taxas de burnout, assédio, turnover (taxa de rotatividade de colaboradores), absenteísmo, baixo engajamento e até desengajamento. A empatia é fundamental para a criação de um ambiente de trabalho positivo. A falta dela pode levar a um clima organizacional tóxico, onde os colaboradores se sentem desvalorizados e inadequados. Isso não apenas impacta a moral do time, mas também o nível de engajamento e a retenção de talentos.
2. Baixo nível de colaboração e trabalho em equipe: a empatia promove a confiança e a colaboração. Em sua ausência, o trabalho em equipe pode ser comprometido, já que os colaboradores podem se sentir menos motivados a apoiar uns aos outros. Isso resulta em uma produtividade reduzida e em resultados abaixo do esperado. Segundo uma pesquisa do neuroeconomista Paul Zak publicada na Harvard Business Review, as empresas que fomentam a confiança têm colaboradores até 76% mais engajados.
3. Falta de inovação e de criatividade: um ambiente empático tende a ser mais aberto à troca de ideias e à inovação. Sem a capacidade de compreender e valorizar diferentes perspectivas, a criatividade pode ser sufocada, limitando o crescimento e a adaptabilidade da empresa.
4. Menor satisfação do Cliente: a falta de empatia não afeta apenas as relações internas, mas também a interação com os clientes. Equipes que não conseguem se colocar no lugar do cliente podem oferecer um atendimento insatisfatório, levando à perda de clientes e impacto negativo na reputação da empresa. Principalmente quando não sabem acolher clientes insatisfeitos.
5. Menor desempenho financeiro: as consequências de um ambiente de trabalho sem empatia podem se refletir nos resultados financeiros da empresa. Um clima organizacional negativo, baixa colaboração e insatisfação do cliente, como mencionado anteriormente, podem resultar em perdas de produtividade e vendas, afetando diretamente o nível de faturamento e a lucratividade.
A falta de empatia, tanto nas relações pessoais quanto nas dinâmicas empresariais, traz consigo uma série de desafios que podem culminar em sérios problemas emocionais e de desempenho, afetando incluindo a saúde mental das pessoas. Promover a empatia é, portanto, essencial não apenas para a saúde emocional das relações, mas também para o sucesso sustentável das organizações.
Investir em iniciativas que incentivem a empatia – como treinamentos de comunicação, workshops de inteligência emocional e práticas de feedback construtivo – pode ser um caminho eficaz para cultivar um ambiente mais harmonioso e produtivo, beneficiando tanto os indivíduos quanto a empresa como um todo.