Cantor Silva sincero ou cancelado? Psiquiatra comenta
"Não é raro escutar por todo lado sobre a cautela de ser sincero hoje em dia, como se dizer a verdade fosse colocar em uma saia justa"
Vários vídeos do cantor capixaba Silva estão viralizando no “X” desde essa segunda (08/09). Em show durante o Festival Vibrar, em Brasília, no domingo (07/09), o cantor não mediu termos, palavrões ou críticas a nomes como o da influenciadora Virginia Fonseca, o da cantora Luísa e sobrou também para a empresária Paula Lavigne e o apresentador Serginho Groisman.
Coincidentemente a viralização foi no mesmo dia da morte de Angela Ro Ro, que deixou órfãos os fãs da língua ferina, mas a herança já foi devidamente reclamada por Silva.
Se antigamente já existiam restrições e, digamos, “códigos de conduta”, em tempos de rede social, em que todos temem ser cancelados, Silva foi espontâneo e corajoso. Podemos contar nos dedos os artistas que não fazem “treinamento de mídia” para falar com a imprensa e, digamos, controlar seus impulsos mais irracionais ou postar algo nas redes sem a devida supervisão ou milhoês de filtros.
Citando alguns: o ator Wagner Moura, em turnê com o filme “O Agente Secreto”, de Kleber Mendonça, sempre sem freio; assim como o ator Pedro Cardoso, que costuma dizer “o que eu falo desagrada a todo o poder econômico e eu teria que mentir muito para continuar recebendo propostas de trabalho”; a cantora Anitta costuma dizer o que pensa e, por isso, já foi cancelada várias vezes, entre tantos por aí.
A internet, claro, entrou no modo clássico: metade aplaudiu Silva, metade puxou a ficha corrida lembrando que ele começou a carreira fazendo cover dos outros. E, no Brasil do “like” e do “unfollow”, esse é o novo tribunal: um comentário mal colocado, e pronto, seu Pix artístico evapora mais rápido que stories de influenciador fitness.
A questão é: por que todo mundo tem tanto medo de ser espontâneo?
Procurada, a psiquiatra Maria Francisca Mauro para entender esse comportamento nada espontâneo: “Não é raro escutar por todo lado sobre a cautela de ser sincero hoje em dia. Como se dizer a verdade, ou não ser politicamente correto, fosse colocar em uma saia justa perigosa. O medo do cancelamento faz todos sentirem um ar de faz de conta por todo lado. E guardamos nossas verdadeiras opiniões para intimidade, justificando e quase pedindo desculpas pelo que pensamos. Bem sabemos que essa farsa social tem um alto preço emocional e até mesmo das relações de trabalho. Muitas empresas e executivos têm as publicações motivacionais e da saúde mental em seus perfis, mas nos bastidores o preço a se pagar é o de sempre: sem muito trabalho, consistência e sagacidade, poucos sobrevivem. O mundo não mudou as regras da sobrevivência, apenas criou uma ilusão para as redes sociais, o que não confere no ganha pão do dia a dia. E o problema está nos que acreditam numa ilusão sem crítica: sonhadores ou iludidos? O tempo cobra cada um na sua medida”.
Alguns comentários de Silva durante o show:
Sobre Virgínia: “Vai se foder, Virgínia. Garota escrota, mano. A garota era pobre e ficou rica. Agora, faz os pobres perderem dinheiro que nem têm”, disse ele se referindo aos jogos de azar online, em que ela sempre negou irregularidades;
Luisa Sonza: “Quem está afim de fazer música no Brasil sem dinheiro do agro? Eu não tenho dinheiro do agro. Não sou a Luísa Sonza”, em referência a artistas brasileiros que se beneficiam de investimentos do agronegócio;
Paula Lavigne: “Eu não tenho Paula Lavigne nas minhas costas. Não tenho tia Paula.
Não tenho ninguém, nem lei Rouanet nessa porra que eu faço”;
Serginho Groisman: “Continua me chamando só para cantar os outros. Nunca me chama para cantar minha ‘A Cor é Rosa’. Nunca me chamou para cantar minha própria música. Então, assim, não vou. Já deu”;
Sobre qualidade musical: “Música virou publicidade… Vamos fazer música séria neste país. A gente está no país da Gal Costa, João Donato, Tom Zé”;
Sobre bissexualidade: “Eu sou gay, não sou bi não. A galera fala que eu sou bi, né? Não, sou gay mesmo”.
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