“Ansiedade ambiental”: a nova síndrome carioca depois das ventanias
"Existe uma relação de amor e ódio com as árvores da cidade, mas, infelizmente, o ódio está ganhando", diz biólogo
Por enquanto, nenhum movimento de praianos na orla carioca nesta quarta (10/12), depois da ventania forte — rajadas de até 74,8 km/h na estação do Vidigal, às 8h30 — que derrubou árvores, como no Leblon. Os bombeiros estão no local.
Outra árvore caiu na Rua Jardim Botânico, altura da Lopes Quintas, e parte do tapume que cerca o Jardim de Alah desabou sobre a calçada na Ataulfo de Paiva. Segundo o Alerta Rio, pode chover.
Mas, além do clima, da força da natureza, as matérias sobre quedas de árvores estão mais comuns e já causando uma espécie de “ansiedade ambiental”, o combo do medo da tragédia com o receio de perder o pouco de natureza viva que temos. Sem contar a famosa “ansiedade climática”, aquele pânico de sair de casa sem saber se você volta depois do próximo temporal.
Os ventos de hoje nem estavam tão violentos assim. A pergunta é: se as árvores fossem bem cuidadas, estariam de pé?
As árvores do Rio andam fracas, maltratadas, mal podadas, vivendo de improviso e, claro, ficam mais vulneráveis. Talvez, se tivessem tratamento adequado, muitas delas viveriam anos e anos.
A coluna conversou com o biólogo Mário Moscatelli, mestre em Ecologia e coordenador do projeto Manguezal da Lagoa: “Temos duas situações. Uma delas é a força da natureza, mas já vi árvores saudáveis sendo arrancadas — só que estamos falando de um vendaval de 110 km/h. A outra situação é como anda a saúde das árvores no Rio. Você tem de tudo: desde o plantio, que confina o sistema radicular num espaço mínimo, a ataques de cupins. Tem de haver um controle fitossanitário de pragas nas espécies. Cada caso deve ser analisado individualmente, mas, no Rio, temos todos eles juntos”.
E a culpa não é só de quem administra a cidade — existe também o tradicional descaso da população: “Os cariocas já pagam um IPTU caro, mas não adianta se as pessoas não têm um olhar mais inteligente para as árvores. Todo mundo reclama que os galhos tapam a luz, a vista, mas ninguém pensa sobre a importância da árvore para o microclima, que está ficando cada vez mais esquisito. A Prefeitura pode melhorar o controle, mas o carioca tem que entender que a vida dele depende do verde para manter a estabilidade dos morros, o clima mais ameno… Existe uma relação de amor e ódio com as árvores da cidade, mas, infelizmente, o ódio está ganhando. Há 100 anos, o Rio nunca esteve tão quente. Se é natural ou de origem humana, temos que atuar mais permanentemente — talvez uma campanha de adoção”.
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