Abertura de “Ancestral” (CCBB): convidados loucos pelas “joias de crioula”
São 160 trabalhos de reconhecidos artistas negros do Brasil e dos EUA, sob direção artística de Marcello Dantas e curadoria de Ana Beatriz Almeida











A mostra “Ancestral: Afro-Américas” foi inaugurada no CCBB, nessa terça (03/06), com 160 trabalhos de reconhecidos artistas negros do Brasil e dos EUA, sob direção artística de Marcello Dantas e curadoria de Ana Beatriz Almeida.
Destaque para o conjunto de adornos “joias de crioula”, usada por mulheres negras que alcançavam a liberdade no período colonial brasileiro, especialmente na Bahia, como forma de expressar sua ancestralidade, e também uma seleção de arte africana da Coleção Ivani e Jorge Yunes, um dos mais abrangentes acervos de arte do país. A curadoria é de Renato Araújo da Silva, que selecionou objetos da cultura africana de artistas anônimos, entre terracotas, urnas funerárias, máscaras, estatuetas, armas, joias, instrumentos musicais, objetos do cotidiano, bustos e arte da corte de Benin, que representam 29 etnias africanas, além de peças e esculturas sacras. Até março deste ano, esteve em cartaz a coleção “Dona Fulô e Outras Joias Negras”, no Museu de Arte Contemporânea, no bairro da Graça, em Salvador, elogiadíssima, com as histórias afro-brasileiras: colares, anéis, pulseiras, brincos de ouro e prata etc.
“A palavra ‘ancestral’ é comum tanto em inglês quanto em português. É essa origem compartilhada que buscamos evidenciar na arte contemporânea, algo que ultrapasse as barreiras geográficas, linguísticas e culturais”, diz Marcello.
A plateia ficou mesmo hipnotizada quando as cantoras líricas baianas Virgínia Rodrigues e Inaicyra Falcão dos Santos começaram a cantar e interpretar temas conhecidos de autores negros, como Paulinho da Viola, Tiganá Santana, entre outras, com os instrumentos ressaltando a voz das intérpretes.
Todas as oito salas do 1º andar estão ocupadas com trabalhos de vários artistas: Abdias Nascimento (ícone do ativismo cultural no Brasil), Simone Leigh (primeira mulher afro-americana a representar os EUA na Bienal de Veneza), Emanuel Araújo, Sonia Gomes, Leonardo Drew, Mestre Didi, Melvin Edwards, Lorna Simpson, Kara Walker, Arthur Bispo do Rosário (com seus mantos bordados e objetos que transcenderam o tempo), Carrie Mae Weems, Monica Venturi, Nari Ward com um trabalho criado no Brasil exclusivamente para a ocasião) e Julie Mehretu (reconhecida por suas complexas pinturas).