“A audácia dos invertidos”: o show da diversidade no Rival
Rodrigo Faour lança livro com um "estudo" da alma colorida de um Rio que, desde sempre, desafia o tédio e as normas
Se o cineasta Pedro Almodóvar estivesse no Teatro Rival, nessa quarta (05/11), teria voltado pra Espanha com um roteiro pronto e talvez até roubado o título do novo livro de Rodrigo Faour, “A audácia dos invertidos”, lançado com performances de drag queens, pocket shows com Ney Matogrosso e Alcione e entrega do Troféu Clóvis Bornay.
O tanto de informação em seis horas de evento não caberia num roteiro. Enquanto o black tie rolava no Museu do Amanhã, com o prêmio Earthshot Prize, do príncipe William, com todo o protocolo e seriedade que o tema pede, o Rival era só plumas, paetês e leques, numa mistura de melodrama espanhol com Cassino do Chacrinha e o filme “Gaiola das Loucas”.
O tom foi de humor, mas o título completo do livro é “A audácia dos invertidos – As estratégias de sobrevivência e visibilidade LGBTI+ do Rio de Janeiro e sua importância no Brasil (1950-1990)” (Record), em homenagem às grandes figuras famosas e anônimas que contribuíram para a comunidade nesse período. Para ilustrar, foram 25 artistas, incluindo as drags mais antigas da cidade – Divina Valéria, Divina Aloma, Andrea Gasparelli, Meime dos Brilhos e assim vai – no show em parceria com Grupo Arco-Íris, um dos 30 eventos comemorativos da 30ª Parada LGBTI+ do Rio, dia 23 de novembro, em Copacabana.
No palco, um dueto inédito: Ney Matogrosso e Maria Alcina em “Eu Quero É Botar Meu Bloco Na Rua” (1973), de Sérgio Sampaio, canção que ambos regravaram em épocas diferentes. Teve também apresentação de Bayard Tonelli, um dos integrantes do grupo Dzi Croquettes, Alcione, Eliana Pittman, Joanna e Zezé Motta.
Todas as atrações receberam o troféu Clóvis Bornay, ou pela sua contribuição na cena dos anos 50, 60, 70 e 80, ou representando o homenageado.
“O livro (540 pgs) reconstrói o cotidiano da comunidade LGBT+ carioca, revelando tanto a efervescência cultural quanto os desafios enfrentados por quem vivia à margem da sociedade. Entre bailes de Carnaval, boates discretas, gírias populares e disputas por visibilidade, mostra como a cidade se tornou um verdadeiro centro de invenção de identidades e resistência. Audácia é uma palavra que traduz a coragem da comunidade queer, e invertidos, expressão usada para quem ousava amar ou desejar de forma não-heteronormativa”, diz Faour.
Entre as histórias, há de tudo: da origem do termo “sapatão” ao encontro improvável entre Michel Foucault e Madame Satã, passando pela história da primeira travesti assumida em uma grande empresa brasileira. Um estudo da alma colorida de um Rio que, desde sempre, desafia o tédio e as normas.
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