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Por Lelo Forti, mixologista
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Gins brasileiros no topo do mundo

Cachaça, vinho e agora gim. A bandeira brasileira certifica os melhores spirits artesanais do planeta

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Atualizado em 19 Maio 2023, 11h16 - Publicado em 19 Maio 2023, 11h15

Não é de hoje que o Brasil vem se destacando no cenário mundial na produção de bebidas alcoólicas. Já é sabido que nossa nação foi construída nas fazendas de cana de açúcar nos seus primeiros 300 anos. A cachaça é, talvez, o primeiro produto artesanal inventado no Brasil. Depois do aguardente de cana, vieram os vinhedos no sul do país e os primeiros vinhos e espumantes nacionais começaram a ser produzidos por lá. Na era da revolução industrial nacional, tivemos destilarias de cachaça surgindo pelos quatro cantos do brasil, assim como novos produtos como vermutes, aperitivos e brandy (algo parecido com cognac), porem 100% brasileiro. Mesmo com todos estes séculos de plantio, cultivo e iniciativa de produção de bebidas alcoólicas, o brasil nunca teve um destaque na produção de destilados de qualidade, algo made in Brazil com qualidade e reconhecimento internacional, até agora. Desde que o gim passou a ser a bebida queridinha do consumidor de destilados, uma nova era se iniciou por aqui. Nos últimos anos a produção de gins em destilarias nacionais se tornou uma febre entre master destilers e aventureiros, com o sonho de produzir uma bebida espirituosa de qualidade e de reconhecimento internacional.

O brasileiro é um povo que nunca deu muita importância para bebidas produzidas no Brasil. Esta mentalidade pode soar preconceituosa inicialmente, mas, fatos são fatos e o comportamento de consumo, principalmente para bebidas alcoólicas, sempre esteve atrelado ao status social. Exemplo disso é a enxurrada de vinhos importados disponíveis nas prateleiras dos principais pontos de vendas espalhados pelo país. Nada contra estes produtos, porém, a preferência nacional sempre foi pelo “importado”. Mais vale um vinho estrangeiro desconhecido na taça, do que um nacional na adega, mesmo que, este importado seja de péssima qualidade. Minha experiencia de muitos anos atrás do balcão, atestam esse comportamento. Basta oferecer um whisky nacional para qualquer bebedor deste espírito escocês, que o questionamento será praticamente o mesmo: qual importado você tem? Este comportamento ainda é regra, infelizmente, mas, percebo um novo movimento acontecendo de valorização, aos poucos, do que é produzido aqui.

Mas, se existem hoje muitos produtos nacionais sendo consumidos internamente e com muito status social, o que aconteceu? O que mudou no consumidor? Os importados estão caros demais? Os nacionais melhoraram a qualidade? Questionamentos corretos. O mundo não é mais o mesmo. O que antes era segredo de um país, agora é reproduzido igualmente em qualquer parte do planeta. Mas só isso não basta. Foi preciso um aprendizado muito grande, uma busca constante pela qualidade e ajuda da tecnologia. Dentro desta nova era, o gim brasileiro surfa, talvez, a melhor onda da valorização dos produtos made in brazil. O vinho e o espumante nacional de qualidade também surfam uma onda muito boa, depois de décadas de ostracismo.

Premiações internacionais

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Esta virada de chave aconteceu em 2015, quando surge o gim Amazzoni. As primeiras gotas foram destiladas em um apartamento na zona sul carioca. Despretensioso, porém cheio de personalidade e bossa, foi conquistando barman e mixologistas na época, que adotaram o produto como seu. Começava ali um movimento nacionalizado, de valorização de algo próprio, bonito e de qualidade. O tempo passou, a marca, agora nas mãos de uma grande multinacional, não é mais a mesma, mas seu legado serviu de inspiração para muitas outras marcas. Obviamente, que, como tudo no brasil, existem os aventureiros e os oportunistas e, 95% do que se lança de gins atualmente, não sobrevivem aos primeiros 12 meses. Ossos do ofício, guerra de preços, alto investimento contínuo e muita concorrência interna e externa. Poucas são as marcas nacionais hoje que fazem sucesso e se mantem firme ao legado de produzir aqui, com muita qualidade e competitividade. Atualmente arrisco a dizer que duas marcas brasileiras estão no topo dos melhores artesanais nacionais, premiados internacionalmente e entre os melhores Spirits do mundo. A carioquíssima Arpo Gim e a paranaense Ivaí, são hoje disparadas as marcas nacionais de maior relevância. Em comum, ambas possuem um trabalho que se inicia na escolha da melhor garrafa, processos de produção artesanais e únicos e uma seleção de botânicos de dar inveja à qualquer inglês. Outra particularidade: são marcas jovens, feitas e pensadas por mentes abertas, que buscam na sustentabilidade e na tecnologia o sucesso de seus produtos. O fato é: já estão fazendo bastante barulho e ampliando portifóglio.

Exemplo disso é a marca Ivaí, com sede na cidade paranaense de São João do Ivaí, que acaba de colecionar diferentes prêmios internacionais, consolidando sua chegada ao mercado. Destaque para a medalha de ouro no aclamado Worl Gin Awars 2023, na categoria gim saborizado com sua receita de Hibisco com Lichia. Outro sabor da marca, Seriguela, ganhou ouro na London Spirits Competition, também na categoria flawors. Para fechar a coleção de títulos, double gold para o London dry da empresa no San Francisco World Spirits Competition. Mesmo com todos esse prêmios, o trabalho é árduo, desafiador e não garantem sucesso de um produto, apenas atestam que as escolhas foram assertivas.

Para a única marca de gim genuinamente carioca, lançada há poucos mais de seis meses, o caminho está sendo bastante promissor. Arpo Gin é carioca da gema (Arpo vem de Arpoador), jovem, cheio de estilo e com ingredientes de causar polêmica. Os esforços da marca estão cuidadosamente voltados para levar o lifestyle carioca para dentro da garrafa. O Rio de Janeiro é bom em construir marcas e os envolvidos no projeto Arpo são de extrema competência. Bem verdade é que, nestes primeiros seis meses de vida, a marca, que revelou o Mulungu (ingrediente brasileiríssimo), já coleciona o título de melhor gim artesanal do Brasil. Isso porque recebeu a melhor pontuação alcançada por uma marca brasileira, na categoria Gim Seco, na London Spirits Competition. Pra se ter uma ideia, a façanha foi tamanha que desbancou marcas lendárias conhecidas e famosas mundialmente. Cítrico e refrescante, Arpo carrega o slogan “Gim Seco Brasileiro – Nativo do Rio de Janeiro”, e essa brasilidade também foi reconhecida No San Francisco world Spirits Competition, levando a medalha de prata, enaltecendo o produto como um dos melhores do mundo.  Não posso negar o orgulho de ver estes empreendedores, entusiastas e bem brasileiros, cuidando para que nosso MADE IN BRAZIL tenha cada vez mais vez, voz e bossa nova.

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BCB BRASIL

Quem ainda não conhece ou não teve a oportunidade de degustar estas duas marcas nacionais, terá a chance agora em junho durante o BCB Brasil. Bar Convention Brasil, (BCB) é hoje a maior feira mundial para profissionais de bar, bebidas, indústrias e afins. A edição 2023 acontece entre os dias 05 e 06 de junho, dentro da Bienal do parque Ibirapuera em São Paulo. Além de Arpo, que estreia um espaço na feira, mais de 100 outras marcas nacionais e importadas de tudo que se pode imaginar de bebidas espirituosas, estarão a disposição dos visitantes. Oportunidade impar para conhecer, se aprimorar e atualizar do legado nacional em curso. Em tempo, Arpo Gin receberá os maiores nomes da mixologia nacional em apresentações diárias de causar inveja a qualquer competição mundial. Nomes como Jéssica Sanchez, Márcio Silva, Marcelo Serrano, Rafael Mariachi, Tony Harion, Laura Paravato, Matheus Cunha, Frederico Vian, Alex Miranda, Lelo Forti, Diego Barcellos e Rafael Pizanti prometem agitar os dois dias da feira. Projeto apelidado carinhosamente de Guest dos Aposentados, uma vez que a grande maioria destas “Lendas” já não mais atuam diretamente atrás do balcão de bar, e agem muito mais nos bastidores para enaltecer, qualificar e aprimorar a coquetelaria nacional.

Em tempo 2: estes dois dias, serão usados para homenagear nosso querido mestre Derivan Perreira, uma verdadeira lenda a qual eu tive o prazer de conviver e aprender nestas duas últimas décadas, que nos deixou esta semana, fazendo o que mais gostava. O céu está em festa e o drink servido por lá é Rabo de Galo. Descanse em paz, atras do balcão de bar do Paraiso meu amigo.

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Cheers

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