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Julia Zardo

Por Julia Zardo, professora de empreendedorismo e gerente de ambientes de inovação Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO
Inovação e Sociedade: uma conversa sobre desafios, oportunidades e impactos das práticas inovadoras na vida de todos nós
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Pensar o futuro: uma necessidade do presente

De previsões a tendências, muito se fala de futuro. Mas será que nos damos conta dos impactos de nossas ações atuais no que vem pela frente?

Por Julia Zardo Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 15 dez 2020, 12h36 - Publicado em 15 dez 2020, 10h40
Ilustração de Jean Marc Coté, que pertence a uma série de cartões postais feita por artistas franceses do século XIX, numa tentativa de vislumbrar o mundo no ano 2000
Ilustração de Jean Marc Coté, que pertence a uma série de cartões postais feita por artistas franceses do século XIX, numa tentativa de vislumbrar o mundo no ano 2000 (Ilustração de Jean Marc Coté/Wikicommons)
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Pensar o futuro sempre esteve presente na nossa história. Esse tema se torna uma pauta de conversa ainda mais comum nas passagens de ano. Das demandas individuais a propostas de governos, independente da escala de pensamento, a visão a longo prazo permeia nosso cotidiano. Porém, como nos contou Drummond, para realmente termos um Ano Novo, é preciso que o façamos novo.

Mas como é possível colocar o futuro em ação? Pensá-lo de maneira sistemática é o que fazem os Estudos de Futuros há algumas décadas. Essa área atua em diversas frentes, tendo desde programas de pós-graduação dedicados a ela, quanto setores dentro de empresas. Mas, mesmo com a disseminação desse tema na mídia, ainda não estamos familiarizados com as maneiras que podemos aplicar o futuro em nosso presente.

Riel Miller, chefe de Letramento de Futuros na UNESCO, comentou durante o Summit Firjan IEL + Festival Futuros Possíveis de 2020 que “nós costumamos usar o futuro apenas pensando no futuro ou em emergências, mas nós podemos usar o futuro para pensar o hoje.” A palestra está disponível online.

Riel Miller chefe de Letramento de Futuros na Unesco, em palestra na Casa Firjan
Riel Miller chefe de Letramento de Futuros na Unesco, em palestra na Casa Firjan (Reprodução/Reprodução)

Estimular a prática da imaginação, muitas vezes restrita ao universo infantil e a setores entendidos como criativos, e disseminar o conhecimento sobre futuro são alguns caminhos.

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Os estudos de futuros nos ajudam a detectar situações de crise e nos planejarmos com antecedência – tanto para traçarmos metas pessoais quanto no campo profissional, quando conseguimos mapear com mais precisão mudanças no mercado, por exemplo. Com isso, num cenário de transformações constantes, ficamos mais preparados para criar soluções de maneira ágil.

A habilidade de se pensar futuros é cada vez mais importante para as pessoas e profissionais que precisam responder às demandas da sociedade. Você já se perguntou que imagens de futuros estamos sendo capazes de criar? Para pensar no que está por vir, precisamos desenvolver hoje nossa capacidade de imaginar outras realidades, não só para nós como pessoas, mas também para as cidades que habitamos, os locais onde trabalhamos e outros espaços de interação. Mas como as pessoas podem trazer o futuro para seu cotidiano?

Ilustração de Jean Marc Coté, que pertence a uma série de cartões postais feita por artistas franceses do século XIX, numa tentativa de vislumbrar o mundo no ano 2000
Ilustração de Jean Marc Coté, que pertence a uma série de cartões postais feita por artistas franceses do século XIX, numa tentativa de vislumbrar o mundo no ano 2000 (Ilustração de Jean Marc Coté/Wikicommons)
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Para imaginar outras realidades, precisamos estimular a criatividade, compreender o cenário no qual estamos inseridos, analisar os acontecimentos de maneira crítica e estar abertos a diferentes pontos de vista. Construir referências a partir do diálogo é fundamental para isso. Recorrer a leituras de ficção científica, ler jornais, assistir filmes, acompanhar debates on-line, tudo é material de pesquisa e inspiração.

Pensando no contexto atual, muitas pessoas e empresas se viram surpresas diante das transformações pelas quais temos passado. E se em algum momento tivéssemos parado para pensar nessas possibilidades?

“Se tivéssemos antecipado melhor a crise de saúde, suas consequências teriam sido tão desastrosas? Se o risco já havia sido identificado, por que o mundo não estava mais bem preparado? Como podemos planejar um amanhã incerto? Imaginando isso. Antecipando-o, em vez de suportá-lo. Diante dos desafios contemporâneos, precisamos ser criativos – e é disso que se trata a alfabetização do futuro”, como explica Audrey Azoulay, diretora geral da Unesco.

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Esse exercício de pensar possibilidades deve ser feito constantemente. Criar os planos B nos deixa mais preparados para as mudanças que podem nos impactar.

As construções de futuro não devem se limitar ao campo individual. É importante, principalmente, fazermos essas construções em conjunto. Pensarmos em nossas famílias, comunidades e cidades. Muitas coisas mudaram desde março, entre elas a forma como nos relacionamos com as cidades. Impossível não falar, então, de uma cidade tão voltada aos encontros sociais, como o Rio de Janeiro. Precisamos pensar nosso futuro e construí-lo de forma colaborativa, participativa, para que ele não seja, mais uma vez, o futuro de uma parte. Mas como podemos criar espaços que nos permitam construir visões de futuro compartilhadas? Ambientes que promovam a integração e a construção de redes. Essa ação é fundamental na construção de futuros desejáveis.

Já que estamos prestes a começar um novo ano, e que estamos voltados a construir o novo, então esse é o momento de pensar no que desejamos e como podemos construir esse futuro. O primeiro passo a ser dado é o de ampliar nossos pensamentos e apostar na imaginação. O próximo é nos conectarmos, construirmos redes que compartilhem nossos desafios. E os próximos passos? Vamos experimentar?

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Texto escrito em parceria com Carol Fernandes e Isabela Petrosillo, respectivamente coordenadora e pesquisadora do Lab de Tendências da Casa Firjan.

Julia Zardo,
Gerente de Ambientes de Inovação da Firjan e professora de empreendedorismo da PUC-Rio. PhD em Políticas Públicas, Estratégia e Desenvolvimento pelo IE – Instituto de Economia da UFRJ. Mestre em Comunicação e Cultura pela ECO – Escola de Comunicação da UFRJ

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