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Julia Zardo

Por Julia Zardo, professora de empreendedorismo e gerente de ambientes de inovação Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO
Inovação e Sociedade: uma conversa sobre desafios, oportunidades e impactos das práticas inovadoras na vida de todos nós
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O DNA da inovação: diversidade e cultura igualitária nos negócios

Para além de uma sociedade mais justa, praticar diversidade, equidade e inclusão nas organizações é inteligência de mercado

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Atualizado em 8 ago 2024, 17h37 - Publicado em 8 ago 2024, 17h10
diversidade, equidade e inclusão nas organizações é inteligência de mercado
Diversidade, equidade e inclusão nas organizações é inteligência de mercado (foto/Getty Images)
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Se existe um assunto que nunca sairá de pauta nesta coluna é a diversidade. Por aqui, já contamos e recontamos a importância de reunir diferentes tribos, raças, faixas etárias e gêneros nos ambientes corporativos – e em tantos outros – e os benefícios imediatos que essa união de vivências resulta. Se até pouco tempo atrás não era possível tangibilizar o quanto as empresas ganham com um ambiente diverso, agora diversas pesquisas apontam para os ganhos, inclusive, financeiros, como o relatório da McKinsey & Company, que mostra que 21% das companhias que investem em diversidade nas lideranças são mais propensas a superar os concorrentes neste sentido.

A nossa reflexão hoje, entretanto, vai um pouco além. Simone de Beauvoir destacou, em 1949, que “É pelo trabalho que a mulher vem diminuindo a distância que a separava do homem. Somente o trabalho poderá garantir-lhe uma independência concreta”, e nós todos, é claro,  concordamos com você, Simone. A questão que se impõe agora é o que tem sido feito para garantir que as mulheres não só ingressem no mercado, mas permaneçam em cargos de liderança. Se você que nos lê é uma mulher ou convive com uma, sabe que na maioria dos casos são elas que programam, preveem, fazem planos ou adiantam possíveis falhas em uma rotina familiar. E é justamente esse trabalho de pensar o que está faltando na geladeira e como será o passeio do fim de semana que gera a famosa carga mental. O problema é que quando essa carga se sobrepõe aos deveres do trabalho, à necessidade de estudar e se atualizar, à expectativa de ser uma boa mãe e às exigências da sociedade que pede que ela seja bonita e faça exercícios, uma bola de neve chamada exaustão se forma.

Seria possível, portanto, que políticas públicas mais incisivas fossem criadas para ajudar a transformar esse cenário? Uma licença maternidade mais igualitária já reduziria essa desvantagem competitiva. Empresas atentas e mais flexíveis aos contextos do seu quadro feminino também podem colaborar, criar programas de equidade e assim reter seus talentos que não adoecerão pela exaustão.

Conquistando cenários mais prósperos

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No Brasil, a Lei 14.611, de 2023, foi sancionada como mais uma ferramenta para garantir a igualdade salarial e de critérios de remuneração entre homens e mulheres. Para isso, ela conta com a obrigatoriedade de relatórios de transparência salarial; fortalece a fiscalização; cria canais pra denúncias e promove programas de inclusão num movimento de ingresso, permanência e ascensão dessas mulheres no mercado de trabalho. Na indústria, por exemplo, os desafios são grandes. Apesar de seis em cada 10 empresas brasileiras afirmarem ter programas ou políticas de promoção de igualdade de gênero, o mapeamento do tema, feito pela Confederação Nacional da Indústria, mostra que apenas 31,8% de mulheres ocupam cargos de gestão nas organizações. Índice inferior aos demais setores da economia, onde respondem por quase metade (46,7%). Ainda assim, há de se ressaltar avanços considerando que, entre 2018 e 2021, o aumento da presença feminina em cargos de liderança foi três vezes maior que os demais segmentos: 32,5% contra 9,8%.

A igualdade de gênero e a plena participação feminina na vida econômica estão entre os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS). A Federação das Indústrias do Estado Do Rio de Janeiro (Firjan), lidera o hub ODS no estado fluminense. Entre as iniciativas realizadas pela federação, está o Conselho Firjan de Mulheres, implementado em junho de 2022. O conselho tem como prioridade desenvolver um ambiente gerador de empreendedorismo e empoderamento econômico de mulheres. É assim, com mulheres participando do poder que conseguiremos avançar com políticas públicas, com debates que não fiquem na superficalidade para a conquista de cenários mais prósperos.

O Laboratório de Inovação Financeira (LAB), que é um fórum de interação multissetorial e um espaço de diálogo público privado para a promoção da inovação e das finanças sustentáveis no Brasil, contribuiu com o lançamento de um Guia para Transparência em Diversidade que , entre outras abordagens, trata da questão da diversidade e inclusão como imperativo moral, legal e econômico, apontando caminhos para práticas e atenção dos reguladores e autorreguladores do tema dentro das organizações, com objetivo de abrir espaço para maior diversidade nas empresas.

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Na esteira desse processo, a Accenture, maior empresa de consultoria de gestão do mundo, divulgou que pretende ter 50% de mulheres em cargos executivos, comitês de gestão e diretoria administrativa. Por enquanto, a meta foi batida no que se refere a novas contratações e à ocupação das cadeiras do conselho de administração.

Líderes e gestores precisam fazer as pazes com um círculo virtuoso, formado por criatividade; colaboração; flexibilidade cognitiva e inteligência emocional, que culmina em resolução de problemas. Vivemos em uma era de disrupção generalizada e é preciso que  as empresas inovem seu quadro funcional para prosperarem em novos mercados. Para isso, incorporar uma diversidade representativa, com equidade e diversidade cognitiva, numa cultura empresarial focada em incluir e integrar esse universo é imperativo.

Este artigo foi escrito em parceria com Carla Pinheiro, empresária que preside a Associação de Joalheiros e Relojoeiros do Estado do Rio de Janeiro (AJORIO), desde 2002. Carla, formada em engenharia elétrica e eletrônica pela PUC-RJ, também é vice-presidente de Relações Institucionais do IBGM;  diretora da Federação das Indústrias do Rio de Janeiro, além de fundadora e presidente do Conselho das Mulheres da Firjan. 

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