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Julia Zardo

Por Julia Zardo, professora de empreendedorismo e gerente de ambientes de inovação Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO
Inovação e Sociedade: uma conversa sobre desafios, oportunidades e impactos das práticas inovadoras na vida de todos nós
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Inovação e diversidade já são realidade para os negócios

Necessidade da diversidade de raças, gerações, de gênero e sexualidade está sendo percebida como ferramenta para aumentar a competitividade das empresas

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Atualizado em 18 jan 2022, 16h10 - Publicado em 17 jan 2022, 14h00
Empresas que adotam políticas de diversidade étnica e racial têm 35% mais chances de ter rendimentos acima da média
Empresas que adotam políticas de diversidade étnica e racial têm 35% mais chances de ter rendimentos acima da média  (Divulgação/Divulgação)
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Há mais ou menos um ano discutíamos, nesta coluna, o papel da diversidade como fator fundamental para inovação nas empresas e na sociedade. Se antes entendíamos que o desafio de inovar demandava um grande investimento em dinheiro, hoje já se sabe que a inovação está ligada, de forma muito mais determinante, à criação de condições que respeitem e favoreçam a diversidade, permitindo o intercâmbio entre pessoas de diferentes perfis. A criação de possibilidades verdadeiramente novas não é fruto de um cálculo racional, prefixado, mas da imprevisibilidade dos encontros e das trocas humanas, da interação espontânea entre pessoas de universos culturais distintos.

Mas já falamos sobre isso. A despeito de uma discussão sociológica, antropológica e política sobre o respeito e o estímulo à diversidade, o que temos de novo agora são dados impactantes sobre o quanto a diversidade tem influenciado algumas empresas.

Em um escopo mais amplo, a discussão sobre diversidade muitas vezes é acalorada, por exemplo, pela garantia de cotas nas universidades. O assunto entrou nas discussões das empresas com a Lei nº 8.213, de julho de 1991. Conhecida como Lei de Cotas, a determinação obriga empresas com mais de 100 funcionários a ocupar de 2% a 5% das vagas com pessoas com deficiência e beneficiários reabilitados da Previdência Social.

Para além do espaço garantido em empresas para esses grupos específicos, a necessidade da diversidade de raças, origens, gerações, de gênero e sexualidade está sendo percebida não apenas como um mecanismo de inserção social, mas também como ferramentas para aumentar a produtividade e competitividade das empresas. Equipes com diferentes pontos de vista conseguem diferentes caminhos para solucionar problemas cada vez mais complexos.

Segundo a McKinsey & Company (2020), empresas que adotam políticas de diversidade étnica e racial têm 35% mais chances de ter rendimentos acima da média no mesmo setor. Ainda de acordo com a pesquisa, a presença de diversidade de gênero nas organizações tem 15% mais chances de gerar ganhos acima da média. A consultoria americana Gartner, em pesquisa de 2019, concluiu que as equipes inclusivas e com diversidade de gênero performaram 50% melhor do que equipes com menos diversidade.

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A diversidade também pode compreender as colaborações entre diferentes gerações e a importância de conciliar as experiências de diversas faixas etárias. No Brasil, as estatísticas já confirmam o aumento da população acima dos 50 anos. Dados do IBGE mostram que a estrutura da pirâmide etária da população brasileira está em processo de mudança e, até 2050, terá se alterado de forma significativa. Há 20 anos, existiam 24,7 idosos para cada 100 crianças de 0 a 14 anos. Em 2050, a estimativa é de que existam 172,7 idosos para a mesma proporção.

Com a sociedade brasileira envelhecendo, o perfil demográfico do país traz reflexos no mercado de trabalho e na economia como um todo. Por outro lado, a maior longevidade proporciona o encontro de faixas etárias e vivências distintas dentro de uma mesma empresa.

Márcia Tavares, fundadora da WeAge, no Pensa Rio edição “Geração X, Y e Z: benefícios da colaboração entre gerações”, destacou como é importante que as novas gerações sejam educadas para que saibam lidar com os mais velhos, de modo que as diferentes gerações possam contribuir entre si. “Em cada fase temos potencialidades e quando elas se conectam com todas as outras gerações, enriquecemos o ambiente familiar, comunidade, organizações, local de trabalho, porque temos perspectivas diferentes”, pontuou ela.

“Quando preparamos um gestor para esse envelhecimento da sociedade e nova realidade da população que vai se refletir na força de trabalho, estamos mostrando para ele uma potencialidade e que não basta inserir: temos que conectar todas as gerações para que todos possam se beneficiar dessa diversidade.”

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Para além, portanto, das obrigações meramente formais, ou das iniciativas que se limitam a ações de marketing, investir na diversidade tem se mostrado como um caminho para a criação de um ambiente fecundo, propício ao diálogo e ao intercâmbio de ideias, e assim, consequentemente, à inovação. Na pesquisa “The Radical Transformation of Diversity and Inclusion – The Millennial Influence” realizada pela Deloitte, 83% dos profissionais da geração millennial (que engloba os nascidos entre 1981 e 1996) relataram níveis mais altos de engajamento ao trabalharem em empresas que promovem uma cultura inclusiva.

A importância da diversidade, equidade e inclusão já é realidade na sociedade nos dias de hoje. Porém, ainda está longe de ser uma escolha de grande parte das empresas como estratégia de posicionamento e negócios. Entender que a diversidade é mais que a discussão sobre vieses conscientes e inconscientes e escolhas pessoais é fundamental, e pode nos ajudar a construir soluções criativas para tantos problemas relevantes que temos hoje.

Coluna assinada com Evellyn Moreira, jornalista e assistente de projetos na Casa Firjan. 

Julia Zardo,
Gerente de Ambientes de Inovação da Firjan e professora de empreendedorismo na PUC Rio. PhD em Políticas Públicas, Estratégia e Desenvolvimento pelo IE – Instituto de Economia da UFRJ. Mestre em Comunicação e Cultura pela ECO – Escola de Comunicação da UFRJ.

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