Ao longo do tempo mudamos nossas necessidades e exigências. Na busca por novos mecanismos que facilitem diretamente nosso cotidiano, somos hoje impactados pela transformação digital. Do aplicativo que garante a entrega de comida em casa até o uso de óculos com realidade virtual para fazer um ‘tour’ em um imóvel antes de decidir comprá-lo, por exemplo, as novas tecnologias têm transformado diversas áreas da sociedade. Na Indústria da Construção, essa mudança é sentida desde a concepção de projetos até os canteiros de obras, que já não são mais os mesmos.

A Indústria da Construção é considerada uma espécie de termômetro do desempenho da economia do país, pois é a primeira a sinalizar a retomada do crescimento das atividades econômicas em função dos empreendimentos públicos e privados.

Um dado interessante é que os setores de Construção Civil e Pesada estão no top 4 dos que mais empregam no estado do Rio de Janeiro, conforme a Relação Anual de Informações Sociais (RAIS).

Hoje em dia, o mestre de obras acompanha o passo a passo do trabalho por meio de um tablet.  Em vez da planta em papel, agora o prédio é erguido com auxílio de modelos virtuais. São novos tempos na Construção, área que cada vez mais vem utilizando o BIM (Building Information Modelling ou Modelagem da Informação da Construção), considerado a inovação do setor que envolve todo o ciclo de vida do empreendimento. De acordo com a Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial, “O BIM simula a construção, com todos os elementos envolvidos, antes mesmo do início das obras e pode ser utilizado até o fim da vida útil da edificação, permitindo assim uma construção mais inteligente, produtiva e econômica. A utilização do BIM é algo mundial e talvez tenha sido uma das ações mais impactantes nos últimos 20 anos no setor.

Apesar de toda tecnologia presente no BIM ser condizente com a fase digital em que vivemos, ele não está somente ligado a isso e engloba mais três outros campos: política (sua adoção está sendo impulsionada em nosso país por recentes incentivos governamentais) , pessoas (o que inclui treinamentos e capacitação profissional para fazer uso de toda metodologia de forma correta) e processos (toda a cadeia produtiva, desde os fornecedores, é impactada).

Também não podemos deixar de destacar a atenção que deve ser dada à sustentabilidade pela cadeia da construção hoje. A adoção do BIM, por exemplo, permite a simulação de diferentes estratégias e materiais para redução do impacto ambiental. Nesse sentido, também é possível levar os benefícios da tecnologia para cenários de obras de infraestrutura como a construção de rodovias, ferrovias e saneamento.

Já existem universidades e instituições de educação, inclusive, que têm incluído o ensino do BIM de forma integrada aos seus currículos. A disseminação de treinamentos e cursos especializados contribui para a capacitação da mão de obra já atuante no mercado.

Um exemplo dos impactos da inovação e da importância deste setor é o Rio Construção Summit, evento que será realizado de 19 a 21 de setembro no Píer Mauá, gratuitamente. O evento vai apresentar temas relacionados à sustentabilidade na construção, inovações tecnológicas, mobilidade, mercado imobiliário e urbanismo, em mesas-redondas com especialistas do Brasil e do exterior. Na ocasião, será feito o lançamento mundial do projeto “Macro Adoption: Global BIM Study’”, um estudo sobre BIM que vai envolver cerca de 30 países com o objetivo de acompanhar sua adoção pelo mundo. Vale acompanhar.

O futuro da construção civil brasileira está entrelaçado com a contínua incorporação da transformação digital, que nos permite vivenciar as oportunidades da chamada Construção 4.0 . As inovações no setor permitem o trabalho colaborativo e melhoram a comunicação entre todos os envolvidos.

Ainda temos desafios pela frente, mas uma ruptura de processos estritamente tradicionais do setor já aponta para as oportunidades da Construção 5.0, aquela que pode fazer a interface e integração entre a era da digitalização e as necessidades de um desenvolvimento mais sustentável para o país e para o mundo.

Este artigo foi assinado em parceria com: Claudio Hermolin, presidente do Sinduscon Rio e vice-presidente da CBIC. Country manager da eXp Brasil e conselheiro da Morar Construtora e Incorporadora, GetNinjas, Viver Construtora e da Primaz Corporte. Atua também como advisor e investidor anjo em Proptechs e Construtechs. Engenheiro Civil, formado na PUC RJ com pós-graduação no IAG, FGV e Harvard Business School. 

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