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Julia Golldenzon

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Exposições on-line contam a evolução do vestido e do retrato de noiva

Plataforma Google Arts & Culture apresenta mostras sobre casamento do Museu do Traje de Lisboa e do Centro de Memórias da Unicamp 

Por Julia Golldenzon
Atualizado em 9 jun 2020, 11h47 - Publicado em 9 jun 2020, 11h35
 (Centro de Memória Unicamp/Reprodução)
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Criar vestidos de noiva é entrar no sonho de uma mulher para fazê-la sonhar ainda mais. Um traje de casamento não é só uma roupa. Ele reúne desejos, expectativas, memórias e impressões de toda uma vida. É preciso exercitar a habilidade e a delicadeza para traduzir isso em tecidos, bordados, modelagens e texturas.  

O vestido de noiva é o elemento mais emblemático de um casamento. Um processo que leva meses para se materializar por apenas um dia ou noite e traduz um ritual de amor e esperança que, por mais que seja reinventado, é tradicional e vai muito além de um casal, por contar nossa história como sociedade.

Essa reflexão dialoga com duas exposições virtuais lindíssimas sobre o tema que vi esta semana. As duas mostras e mais centenas de outras sobre moda, design e arte estão na plataforma Google Arts & Culture, uma espécie de parque de diversão para quem ama o assunto.

Uma se chama “Sim, quero casar!” e pertence ao acervo do Museu Nacional do Traje, de Lisboa. A mostra online apresenta vestidos de noiva de 1800 até os anos 2000, um passeio pelos costumes e pela evolução  de uma das peças de moda mais tradicionais. A festa de casamento, diz o texto que acompanha a exibição, é “uma afirmação e um desejo bem consciente de integração social”. E conta que um dos motivos do uso da cor branca para noivas contemporâneas é devido à influência do vestido de Josefina Napoleão, que traçava uma alusão às deusas gregas e romanas, que foram representadas em mármores brancos e róseos, equiparando a imagem da noiva à uma deusa.

No museu virtual, é possível ver em detalhes as saias amplas, armadas com crinolina e em tecidos de textura opaca dos anos de 1840 e os bordados em vidrilhos nas formas diagonais e de triângulos dos anos de 1885. Vemos em detalhes as golas altas e o uso de renda guipure dos looks com influência da Belle Époque bem no início do século XX e o estilo geometrizado, os cumprimentos mais curtos e as formas mais minimalistas dos Anos 20. Na evolução do traje, que hora fica mais simples e fluido, ora retoma o volume e a pompa, vemos a fluidez dos cortes em viez dos anos 30 em contrapartida com os vestidos influenciados pelo New Look da Dior e pelo vestido de noiva de Grace Kelly.

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A outra exposição ligada ao tema é brasileira. Chama-se “Juntos para Sempre – Retratos de Casamento”, do Centro de Memória da Unicamp. Embora seja menor, com menos imagens, é muito interessante olhar para a foto do álbum de casamento como algo que conta a história de um ritual e constrói a memória. A galeria online mostra a transformação ocorrida nos retratos de casamento, mudam até as feições ao longo dos anos, com noivas mais sérias no início do século passado e mais sorridentes a partir dos anos 70.

Estas são só duas de muitas exposições sobre moda que estão na plataforma do Google que quis dividir com vocês porque faz parte do meu processo de criação pensar sobre todos estes elementos ao criar um vestido de noiva. Ninguém sabe como será exatamente o novo normal pós quarentena, mas uma coisa é certa, descobrimos finalmente como o mundo digital pode fazer parte da nossa vida como uma ferramenta importantíssima de entretenimento e cultura.

Julia Golldenzon é estilista especializada em festas e noivas. Formada em Comunicação Social pela PUC-Rio, ela trabalhou em marcas como Farm e La Estampa e, desde 2013, tem um ateliê no Leblon, que leva seu nome.

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