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Julia Golldenzon

Por Julia Golldenzon, estilista carioca Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO

Entrevista com Kátia Barros: ‘Após a pandemia vamos vestir o otimismo’

Estilista fala sobre os desafios da indústria, o futuro da moda e a maternidade aos 48 anos

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Atualizado em 24 Maio 2021, 18h23 - Publicado em 24 Maio 2021, 18h17
Katia Barros
 (Farm/Divulgação)
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Apesar de manter uma vida o mais discreta possível, a carioca Kátia Barros é um dos principais nomes da moda brasileira. Fundadora e diretora criativa da FARM, ela é uma de minhas inspirações desde os tempos em que ingressei na indústria, quando comecei a trabalhar com moda exatamente na FARM. A marca, que hoje integra a carteira do grupo SOMA,  que reúne hoje nove marcas, entre elas, a recém-adquirida Hering.

1.Como tem sido sua rotina de trabalho na pandemia?  Acho que todo mundo está sentindo que está trabalhando mais na pandemia. Por aqui, não é diferente. Mas estar em casa, ao mesmo tempo, é um presente. Poder estar mais próxima da família e ver os filhos crescendo entre uma reunião e outra não tem preço.

2. O que você acha que as pessoas vão usar pós-pandemia? A pandemia trouxe uma vontade grande de conforto, sem abrir mão do desejo. Ficamos mais caseiros e introspectivos. O pós-pandemia trará a alegria de podermos voltar para a rua em segurança. Trará a expansão, a vontade de abraçar o mundo. E com isso, colorirá novamente nossas vidas. Já estamos sentindo isso no mercado americano com a reabertura, vamos vestir nosso otimismo.

3. Que conselhos você daria para alguém que esteja começando a trabalhar com moda hoje? Acho que parte da fórmula de sucesso da FARM e da maioria de marcas de sucesso do Grupo SOMA é ter sócios complementares. Na FARM, sou eu e Marcello Bastos. A maior parte das pessoas que busca trabalhar com moda é criativa. E a melhor dica é: busque alguém que te complementa, desde o início. Empreender moda não é tarefa fácil. Achar um bom sócio que te ajude a navegar o negócio é tão importante quanto saber fazer roupa. E, claro, já costure a sustentabilidade de uma moda respeitosa com as pessoas e o meio ambiente, desde o dia 1.

4. A FARM talvez tenha sido o último grande fenômeno da moda feminina carioca. Você  consegue listar os motivos deste sucesso estrondoso? Eu sempre falo que a FARM existe para deixar as mulheres mais bonitas. Parece simples, mas não é. Não é qualquer modelagem ou qualquer coloração que deixa uma mulher mais bonita. Existe uma ciência por trás desta mágica que acontece quando você coloca uma roupa, se olha no espelho e abre um sorriso. Nosso sucesso vem de nunca esquecermos que a única coisa que importa é este sorriso, este amor, esta alegria que você sente quando veste FARM.

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5. Como tem sido o desafio de trabalhar na pandemia como diretora criativa de uma marca que você fundou e que compõe um grande grupo como o SOMA? Sou Diretora Criativa da FARM e, mesmo não sentando no Conselho, temos todos uma relação muito próxima no Grupo SOMA. Conversamos muito e sempre que sinto que posso influenciar qualquer assunto positivamente, eu falo. Os desafios da pandemia tem sido enormes. Nosso Conselho nos ajuda a garantir a visão estratégica do Grupo enquanto nós, diretores de marca, garantimos a coerência das marcas. Trabalhamos em sinergia, assim, somos mais criativos e inovadores, enquanto mantemos nossa força e resiliência.

6. Você talvez seja uma das estilistas que mais entende os códigos universais de estilo da carioca, que agradam da Zona Norte à Zona Sul. Quais as características do carioca style? A carioca tem um borogodó natural. Respeitar esse “je ne sais quoi” é a questão. Aqui, temos uma alegria de viver que é especial. Sabemos que fomos abençoadas ao nascer numa das cidades mais deslumbrantes do mundo, onde a natureza invade a alma. Por isso, gostamos do ar livre, dos dias de sol, do mergulho no mar, da trilha na Floresta da Tijuca. Do samba, da bossa nova e do funk. Somos mistura. Somos colorido. Somos pele. Somos malemolência. Tudo isso influencia nossa moda.

7. Você é uma das grandes empreendedoras da moda brasileira. Uma mulher que concilia vida pessoal e profissional. Aos 48 anos teve um bebê, reforçando mais uma vez a importância da família na sua vida. Como tem sido essa experiência de ter sido mãe novamente e na pandemia?  Sou canceriana, família é tudo pra mim. 2020 e 2021 tem sido anos desafiadores, reinventamos a forma de vender, com 75 lojas fechadas por meses. E estar em família, me deu força. Quando pego meus filhos no colo, mesmo a minha mais velha, sinto que são eles que me dão colo. Esse amor renova, reenergiza e reequilibra. Com certeza sou uma profissional melhor por ser mãe, esposa, filha.

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8. O que você diria às mulheres que adiam ou adiaram demais o momento de ter filho? Não desistam dos seus sonhos. Não vou dizer que ter meu segundo filho aos 48 foi um processo fácil. Foram anos de tratamento com muitas perdas e muitas dores. Mas não desisti. E não me arrependo. Ver minha família reunida hoje, do jeitinho que sonhei, me lembra, todos os dias, que lutar por este sonho valeu a pena.

Julia Golldenzon é estilista especializada em noivas. Formada em Comunicação Social pela PUC-Rio, ela trabalhou em marcas como Farm e La Estampa e, desde 2013, tem um ateliê e uma loja de roupas femininas no Leblon, que leva seu nome. 

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