As belezas do Jalapão
Um bate-papo com o viajante carioca Thiago Lopez sobre um dos parques mais lindos do Brasil
É fácil grudar na tela do instagram do médico e influenciador carioca Thiago Lopez e ficar horas vasculhando as dicas de viagens. Estão ali a cereja de Maragogi, Lençois, Sardenha, Maldivas, Filipinas e, sempre, com detalhes esmiuçados dos melhores passeios, as agências, as furadas. Ele não tem papa nas línguas, não poupa elogios, e nem críticas. Num mundo onde tudo é expectativa, Thiago Lopez flerta com a realidade.
E foi assim que, mês passado, quando vi a viagem (segura) que ele fez para o Jalapão, arrematei logo para inaugurar a série Cariocas na estrada aqui na coluna, que traz a partir de hoje dicas e boas histórias de outros viajantes.
Thiago, por que o Jalapão?
Há tempos, sonhava em conhecer o Jalapão por conta da beleza das paisagens naturais divulgadas através das redes sociais. Esse ano, tive a possibilidade de ver com meus próprios olhos este destino que é tão famoso por conta dos seus fervedouros (nascentes dos rios), lagoas, dunas, cânions e cachoeiras. Pra quem gosta de ter contato com a natureza, o lugar é definitivamente um sonho. A minha experiência foi além das expectativas.
Precisa de agência, ou para os mais aventureiros dá pra ir por conta própria?
Sempre tive a impressão que uma viagem ao Jalapão teria muitos perrengues e quase nenhum conforto. Primeiro, porque existem centenas de empresas com as quais você pode fazer a expedição no Parque Estadual do Jalapão (a escolha com qual fazer esta aventura se torna difícil por tantas opções) e, segundo, porque a região mais bonita é difícil de ser explorada, fica distante da capital e quase não há sinal de internet ou telefone por lá.
Optei pela Cerrado Dourado, considerada como a melhor do Jalapão no TripAdvisor. Minha experiência foi incrível por ter tido um guia muito qualificado (o Anderson, chamado de Mineirinho) e por conta das acomodações que a empresa disponibiliza. Fiquei no Formiga Eco Lodge, no coração do Jalapão, a poucos minutos de fervedouros lindos e que tem o Rio Formiga passando dentro dele, com piscinas naturais e até flutuação (apenas para os hóspedes).
A Cerrado Dourado organizou toda a expedição: do o roteiro à reserva das acomodações e refeições. Um ponto interessante é que a empresa monitora estoque de soro antiofídico, e capacita seus guias para resgates em áreas remotas. Acidentes com animais peçonhentos não estão entre as principais intercorrências no Jalapão, mas me senti mais seguro sabendo que existe esse compromisso. Esta foi um pergunta repetida entre os seguidores do Instagram ao ver vídeos e fotos das cachoeiras e lagoas.
Acho interessante mencionar que, como você irá explorar uma região com sinal quase inexistente de internet e telefone, o ideal é fazer este programa com uma empresa com diferentes carros 4×4, para que caso ocorra algum problema, você possa ser socorrido por outro veículo. Felizmente não tivemos problema algum.
O imperdível, na sua opinião?
A Lagoa do Japonês tem uma área com cavernas e uma água com um tom de azul absurdamente lindo. Folhas que caem das árvores no topo da região fazem parte do cenário. É possível usar um barquinho e passear neste lugar incrível. Ela se localiza fora da área do Parque estadual do Jalapão, mas é visita obrigatória para quem vai a esse paraíso no Tocantins.
A Cachoeira do Formiga talvez seja um dos lugares mais bonitos que já visitei no Brasil. Difícil comparar com outras cachoeiras porque aqui a água não é congelante e é inacreditavelmente cristalina. Ficar debaixo de sua queda d’água recarrega todas as suas energias.
Visitar os fervedouros é imperdível também. Eles são nascentes de rios que levam este nome por conta do aspecto de que a água estaria fervendo. A água, na verdade, tem a temperatura ambiente e cada fervedouro é uma experiência sensorial diferente: nestes lugares você não afunda, e em alguns é possível sentir uma sensação até de dormência por conta da pressão elevada na nascente.
É o tipo de experiência que você precisa viver, sendo difícil explicá-la. Dentre os mais bonitos, posso mencionar os fervedouros do Buritizinho, do Buriti, do Ceiça e do Bela Vista.
Assistir o pôr-do-sol nas dunas do Jalapão. Considerado como o cartão-postal da região, tem uma vista linda pra serra do Espírito Santo e com um poente de tirar o fôlego. A paisagem das dunas varia de acordo com os ventos na região.
Também recomendo o rafting no Rio Novo. São mais de 2 horas, numa aventura inesquecível. Eu, particularmente, sou medroso e não gosto muito de grandes aventuras, mas esta foi inesquecível, e com momentos de muitas risadas nas pequenas quedas d’água no percurso. Fora isso, no rafting, chega-se em uma região só acessível por caiaque ou barco/ bote. Recomendo até para os mais medrosos. Inesquecível.
E as pousadas, quais você indica?
As pousadas que fazem parte do roteiro da Cerrado Dourado. São as melhores.
1. Águas do Jalapão
2. Formiga Eco lodge
3. Casa das Flores
Vale dizer que é necessário pernoitar em Palmas no dia anterior ao início da expedição. Lá, recomendo o Hotel Select, pela localização, conforto e custo benefício na capital.
E quando ir?
A época seca, com menor chance de chuvas vai de maio a outubro e é considerada melhor para visitar este lugar. Porém, o Parque Estadual do Jalapão pode ser visitado o ano inteiro.
Não recomendo a aventura com crianças menores de 8 anos, mas vi algumas com seus pais durante a expedição. Se tiver condições, é interessante investir no roteiro privativo.
Pode parecer clichê, mas é impossível não se apaixonar pelo Jalapão.