Um personagem carioca na Copa de 1962 – Amarildo
Amarildo passou a maior parte de sua carreira na Itália, numa época em que jogadores de clubes estrangeiros não jogavam pela Seleção. Criado no Flamengo, de onde saiu antes de se profissionalizar para o Botafogo, onde jogou três anos. Depois disso, dez anos de Itália, com muito sucesso no Milan e na Fiorentina, além de […]
Amarildo passou a maior parte de sua carreira na Itália, numa época em que jogadores de clubes estrangeiros não jogavam pela Seleção. Criado no Flamengo, de onde saiu antes de se profissionalizar para o Botafogo, onde jogou três anos. Depois disso, dez anos de Itália, com muito sucesso no Milan e na Fiorentina, além de ter jogado pela Roma. Voltou ao Brasil para encerrar a carreira discretamente no Vasco em 1974.
A Copa de1962 tinha tudo para ser a Copa de Pelé, que aos 21 anos chegou ao Chile muito mais experiente, forte e famoso que quatro anos antes. Mas uma contusão muscular na coxa direita logo no segundo jogo tirou Pelé de combate. Mas o incrível da história é que seu substituto, Amarildo, foi capaz de ser decisivo como se esperava do titular, pelo menos no momento mais dramático da Seleção na Copa do Chile.
O jovem atacante do Botafogo estreou na Copa no último jogo da primeira fase, Brasil x Espanha. A Seleção jogava pelo empate, mas o desafio era grande. A Espanha tinha um grande time, reforçado pelos craques do Real Madrid naturalizados, o húngaro Puskas e o argentino Di Stefano, que, contundido, não chegou a jogar na Copa. Para completar o cenário dramático, os espanhóis saíram na frente, resultado que se manteve até os 27 minutos do segundo tempo.
Aqui cabe um parênteses. No começo do segundo tempo Nilton Santos teria feito uma falta dentro da área, mas deu dois passos para fora da área para enganar o juiz, que não marcou o pênalti. Na cobrança de falta, Puskas pegou o rebote e fez um golaço de bicicleta, anulado pelo juiz por razões que até hoje ninguém entende. Mas como esse blog já mostrou (Clique aqui e relembre), o erro original do juiz na jogada foi marcar a falta, afinal Nilton Santos não chegou a encostar no atacante, que se jogou e enganou o juiz.
Dessa forma corria o segundo tempo, com o Brasil em busca do empate, mas sendo seriamente ameaçado pela Fúria. Até que surgiu Amarildo, com a ajuda de seus companheiros de Botafogo. Aos 27, batendo de chapa após cruzamento de Zagallo, Amarildo empatou. Aos 40, de cabeça após cruzamento de Garrincha, Amarildo virou e sacramentou a classificação brasileira e a eliminação espanhola. Depois do jogo Nelson Rodrigues escreveu uma crônica celebrando a grande vitória brasileira, e o surgimento de um “novo Pelé moreno”, “Amarildo, o Possesso”, adjetivo que virou apelido e acompanhou Amarildo em toda sua carreira.
Passado o sufoco da primeira fase a Seleção venceu Inglaterra por 3×1 pelas quartas-de-final, o anfitrião Chile por 4×2 na semifinal e a Tchecoslováquia, com quem tinha empatado em 0×0 na primeira fase, por 3×1 na grande final, com um gol de Amarildo no jogo decisivo, e os veteranos brasileiros puderam voltar para casa comemorando o bicampeonato.