Flacidez pós-Ozempic leva pacientes a procurar cirurgia plástica
Revista americana prevê um boom nas cirurgias estéticas em pacientes que emagreceram muito rapidamente com o uso de medicações como Ozempic e Wegovy
O excesso de pele é uma consequência natural no processo de perda significativa de peso. Quando isso ocorre de maneira acelerada, ou seja, em um curto período de tempo, o impacto na elasticidade da pele é ainda maior. Vemos isso de forma recorrente nos casos de pacientes que passam pela cirurgia bariátrica e, mais recentemente, em pessoas que fazem tratamento para emagrecer com uso do Ozempic, o que tem aparecido mais recentemente no consultório com pacientes que procuram por cirurgia plástica reparadora tanto corporal quanto facial.
Segundo pesquisa da Gallup, 6% dos adultos americanos, aproximadamente 15 milhões de pessoas, já tomaram a medicação. Estudos recentes mostram que o medicamento da farmacêutica Novo Nordisk, conhecido por seus efeitos off label (fora das indicações da bula) no emagrecimento, impactam na perda de, em média, 15% do peso corporal. Isso ocorre devido ao seu principal componente, a semaglutida, uma forma sintética do hormônio GLP-1 que ajuda a retardar o esvaziamento gástrico, dando uma sensação de saciedade mais prolongada, o que reduz o apetite. A perda de volume, ou esvaziamento, das células gordurosas impacta diretamente no tecido cutâneo. É um efeito parecido, em termos de excesso de pele e flacidez, com a bariátrica.
Embora não haja evidências robustas, alguns cirurgiões americanos afirmaram em uma reportagem da revista americana Allure que a medicação tem impactado na qualidade da pele, alguns chegam a dizer que ela fica como “um elástico velho”. O cirurgião plástico americano Julius Frew, que foi entrevistado, acredita que estamos prestes a ver um boom de procedimentos como abdominoplastia e liftings corporais e faciais de pacientes que emagrecem com Ozempic e com as medicações que seguem a mesma linha, como Wegovy. “Houve um grande boom na cirurgia plástica pós-bariátrica. Acho que isso vai empalidecer em comparação com o que ainda vamos ver com os pós-GLP (Ozempic e afins)”, comentou o Dr. Frew.
Pela minha experiência diária com pacientes que perderam grandes volumes de peso e procuram a cirurgia plástica para melhorar o contorno e retirar o excesso de pele, tendo a observar que a flacidez é maior nos casos dos que passaram por bypass gástrico do que os que usaram Ozempic. Possivelmente, isso ocorre porque a perda de peso costuma ser maior nos pacientes pós-bariátricos, que chegam a perder 40, 50, 60 quilos. O fato é que faltam estudos para corroborar observações e opiniões sobre o impacto na qualidade da pele, já que o uso da medicação off label para emagrecer é muito recente.
Essa perda rápida de peso mais acelerada, com o auxílio da medicação, pode realmente causar flacidez no corpo e na face. Esta consequência acabou gerando nas redes sociais e na internet apelidos como “rosto de Ozempic”, mais encovado, e “bumbum de Ozempic”, menos volumoso, uma referência também à flacidez e excesso de pele, como se estas partes do corpo “derretessem”. O tratamento com a medicação de forma adequada e supervisionada por um médico, alcançando os resultados desejados com segurança, realmente podem trazer mudanças no contorno corporal e no tamanho dos glúteos e da mama – o que explica os tais apelidos que viralizaram.
Muito em breve, certamente, a comunidade médica e científica que já se dedica à pesquisa em torno dos efeitos e consequência destas medicações, que ainda são muito novas, nos trarão luz sobre o tema. A princípio, em relação à flacidez e excesso de pele em decorrência de perda considerável de peso, a solução mais satisfatória e concreta para tudo isso ainda é a cirurgia plástica com as cirurgias estéticas, o preenchimento de gordura autóloga (a técnica devolve o volume facial, como o contorno das mandíbulas, queixo, região abaixo das pálpebras e maçãs do rosto) e os refinamentos associados.