O uso de bebidas alcoólicas no isolamento social
O consumo excessivo de álcool durante o isolamento pode agravar os sintomas de ansiedade e depressão e gerar outras doenças
Um dos maiores riscos do isolamento social imposto pela pandemia é a autoindulgência com comportamentos nocivos à saúde. São frequentes os relatos de pessoas que assumem que estão se permitindo beber ou comer mais, agora que estão em casa o dia inteiro. Estamos privados de tanta coisa a que estamos acostumados, por que não abrir um vinho em plena terça-feira? Que tal abrir uma exceção e tomar aquela cervejinha no almoço? São atitudes compreensíveis neste momento de grande estresse, mas saiba que isso pode ter um preço alto para a saúde.
Ao contrário dos hormônios do estresse, que estimulam o sistema nervoso, a bebida alcoólica relaxa por ser um vasodilatador. Ela provoca um efeito imediato de prazer e agradável compensação. Mas seu consumo excessivo durante o isolamento pode agravar os sintomas de ansiedade e depressão e gerar doenças gástricas e hepáticas. Além disso, é importante atentar para a qualidade do sono. Quem bebe tem sono de má qualidade: não gera repouso, roncos, produz estresse e todas as suas consequências.
O que pouca gente sabe é que o consumo de bebida alcoólica enfraquece o sistema imunológico, aumentando a suscetibilidade do organismo à infecções, logo agora que estamos fazendo um enorme esforço para nos mantermos afastados do novo coronavírus.
No Brasil, pelo menos 10% da população é dependente de álcool, 20% relatam uso abusivo da substância, 60% dizem usar a bebida socialmente e 10% são abstêmios, segundo pesquisas.
A Organização Mundial de Saúde recomenda o consumo de 30 gramas de álcool por dia (ou seja, o equivalente a duas latas de cerveja ou duas taças de vinho ou uma dose de uísque). Vale lembrar que estas são referências a serem acompanhadas de um estilo de vida saudável, com alimentação balanceada e prática de exercícios.
Estamos vivendo dias de pressão e incertezas mas, lembre-se que saúde é prevenção. Pequenas indulgências podem ser permitidas, desde que não virem regras e acabem se tornando um “novo estilo de vida” em período de confinamento.
Gilberto Ururahy é médico há 40 anos, com longa atuação em Medicina Preventiva. Em 1990, criou a Med Rio Check Up, líder brasileira em check up médico. É detentor da Medalha da Academia Nacional de Medicina da França e autor de três livros: “Como se tornar um bom estressado” (Editora Salamandra), “O cérebro emocional” (Editora Rocco) e “Emoções e saúde” (Editora Rocco).