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Gilberto Ururahy

Por Gilberto Ururahy, médico Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO
Especialista em medicina preventiva

Número de casos de cânceres entre pessoas com menos de 50 anos aumenta

Pesquisadores trabalham para descobrir causa do fenômeno

Por Gilberto Ururahy
12 Maio 2025, 11h02
Pessoa segura nas mãos o símbolo da campanha contra o câncer.
Em todo o planeta, multiplicam-se os sinais de alerta quanto à progressão dos cânceres "precoces", definidos como aqueles que ocorrem em pessoas com menos de 50 anos.  (Freepik/Reprodução)
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O número de novos casos de câncer precoce aumentou quase 80% no mundo todo em menos de trinta anos. Esse aumento diz respeito principalmente a tumores digestivos e de mama. Pesquisadores estão trabalhando para determinar as causas de um fenômeno que alguns estão chamando de “epidemia emergente”.

Este é um novo indicador do aumento preocupante de casos de câncer entre as gerações mais jovens. A França acaba de realizar, pela primeira vez, uma pesquisa sobre a incidência e desenvolvimento em adolescentes e jovens adultos, de 15 a 39 anos. Este trabalho, divulgado em março deste ano, mostra que a incidência de seis tipos de câncer está aumentando constantemente entre 2000 e 2020: carcinomas colorretais (+1,43% ao ano em média), mama (+1,60%), rim (+4,51%), linfomas de Hodgkin (+1,86%), glioblastomas (+6,11%) e lipossarcomas (+3,68%). Financiado pela instituição Liga contra o câncer, o estudo foi conduzido em parceria com o Instituto Nacional do Câncer (INCa) francês.

Em todo o planeta, multiplicam-se os sinais de alerta quanto à progressão dos cânceres “precoces”, definidos como aqueles que ocorrem em pessoas com menos de 50 anos. Certamente, os tumores malignos continuam sendo uma patologia sobretudo dos idosos, após os 65 anos. Mas esses cânceres de início precoce são cada vez mais visíveis. Muitos pacientes jovens testemunharam, e os oncologistas dizem que estão tratando cada vez mais deles em seus hospitais. Uma descoberta confirmada por estudos epidemiológicos.

“O câncer de início precoce é uma epidemia global emergente?”, foi a pergunta que cientistas fizeram em 2022 na Nature Reviews Clinical Oncology. Globalmente, o número de novos casos entre pessoas com menos de 50 anos aumentou quase 80% em menos de trinta anos, de 1,82 milhão em 1990 para 3,26 milhões em 2019, de acordo com um artigo publicado no British Medical Journal Oncology em 2023. Este trabalho foi realizado usando dados do Global Burden of Disease Study, abrangendo 29 tipos de câncer em 204 países.

As causas exatas desse aumento ainda não estão claras, mas vários fatores são suspeitos, alertam os autores. O estilo de vida ocidental, que combina sedentarismo, alimentação com ultraprocessados, excesso de consumo de álcool e obesidade parece desempenhar um papel fundamental. De acordo com estimativas da Agência Internacional de Pesquisa sobre o Câncer (IARC), quase 40% dos cânceres precoces poderiam ser evitados agindo sobre esses fatores.

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Álcool, tabaco e obesidade são as principais causas identificadas. Por exemplo, o consumo de álcool aumenta o risco de câncer de mama em 15%, enquanto o sobrepeso e a obesidade estão envolvidos em 13 a 17% dos casos de câncer digestivo e renal.

Alguns tipos de câncer digestivo, como o colorretal e o pancreático, são particularmente sensíveis a exposições ambientais. Aditivos alimentares e pesticidas podem alterar a microbiota intestinal e promover a formação de tumores. A contracepção hormonal de longa duração também é objeto de estudo: mulheres que usam contraceptivos hormonais de longa duração têm de 20% a 30% mais risco de câncer de mama.

Diante dessas descobertas, os autores pedem que sejam fortalecidas as iniciativas de conscientização sobre comportamentos de risco, principalmente no que diz respeito à alimentação, à atividade física, ao consumo de tabaco e álcool e à exposição a substâncias tóxicas. Melhorar a vigilância epidemiológica, especialmente por meio de registros de câncer, é essencial para entender melhor as tendências atuais e antecipar desenvolvimentos futuros.

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Muitas vezes o rastreamento do câncer de mama começa aos 50 anos, enquanto o aumento da incidência entre mulheres com menos de 50 anos pode justificar a redução da idade para 45, ou até 40, para mulheres em risco. Já o rastreamento do câncer colorretal começa aos 50 anos, mas vários estudos sugerem que o teste precoce, a partir dos 45 anos, pode ser benéfico.

Melhorar os registros de monitoramento do câncer também ajudará a refinar os dados e entender melhor as tendências futuras, de acordo com especialistas. Na ausência de conscientização coletiva e medidas preventivas adequadas, as projeções indicam que, até 2030, um em cada dez casos de câncer colorretal e um em cada quatro casos de câncer retal afetarão pacientes com menos de 50 anos de idade.

Por isso, mais do que nunca, é preciso divulgar e estimular o estilo de vida saudável: alimentação balanceada, sono de qualidade, prática de exercícios físicos e check-ups regulares são fundamentais na busca de saúde.

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Saúde é prevenção!

Gilberto Ururahy é médico há mais de 40 anos, com longa atuação em Medicina Preventiva. Em 1990, desenvolveu a Med Rio Check-up, líder brasileira em check-up médico. É detentor da Medalha da Academia Nacional de Medicina da França, Conselheiro estratégico da ABRH-Brasil e autor de quatro livros: Como se tornar um bom estressado (editora Salamandra), O cérebro emocional (editora Rocco), Emoções e saúde(editora Rocco) e Saúde é Prevenção (editora Rocco), com o médico Galileu Assis, diretor da Med Rio Check-up.

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