Novos fatores de risco para doenças cardiovasculares: uso de energético
Mais de 50% dos adultos afirmam já ter experimentado energéticos ao menos uma vez na vida

Mês passado, a Med-Rio Check-up realizou mais uma edição do “Encontro com a Prevenção 2025”. O tema em debate foi “Os novos fatores de risco para doenças cardiovasculares”. Eduardo Saad, membro titular da Academia Nacional de Medicina e fellow da Sociedade Europeia de Cardiologia, foi nosso convidado a falar sobre arritmias cardíacas mediante o uso abusivo de energéticos. Segundo o especialista, esta é uma questão de saúde pública urgente para a sociedade e crescente também em estudos de pesquisadores.
Segundo Saad, o crescimento dos energéticos está atrelado aos jovens, assim como o aumento do uso de cigarros eletrônicos. De acordo com o especialista, os energéticos prometem aumentar a capacidade de atenção e o desempenho. No entanto, o problema central está no fato de que o seu uso implica no consumo de altas doses de cafeína e outras substâncias. “Entre a década de 1990 e o início dos anos 2000, houve um aumento de quase 90% no uso diário de cafeína entre adolescentes e jovens adultos. Os efeitos que isso terá ao longo do tempo ainda não são totalmente conhecidos”, informou Saad.
O especialista relatou que o consumo de energéticos no mundo é bastante significativo em todo o mundo. Mais de 50% dos adultos afirmam já ter experimentado ao menos uma vez na vida, 40% fizeram uso no último mês e até 10% consomem diariamente, dependendo da região em que moram. “São números bastante relevantes, tendo em conta o tipo de substâncias contidas nessas bebidas”, diz ele, destacando que dois terços dos usuários são pessoas jovens.
Saad esclareceu que a composição dos energéticos é muito variável. Cafeína é um dos principais compostos da bebida (80 a 300mg por latinha), taurina (em altas doses pode ser propiciar a arritmia), guaraná, ginseng, carnitina e com açúcar em excesso. O especialista destacou que, com frequência, os energéticos são consumidos em associação com bebidas alcoólicas, como vodka. De olho no público jovem, o marketing dessas bebidas está associado a um estilo de vida esportivo, feliz e saudável.
Quanto aos efeitos cardiovasculares das bebidas energéticas, eles podem ser divididos entre agudos e crônicos. Entre os efeitos agudos estão a taquicardia sinusal, o aumento da pressão arterial e o prolongamento do intervalo QT. Entre os efeitos crônicos estão a hipertensão, o desbalanço autonômico e o potencial pró-arritmico. De acordo com Saad, os principais grupos de risco são pacientes com doenças cardiovasculares, pacientes que usam drogas pró-arritmicas e atletas com esforços intensos.
Entre as orientações clínicas mais recorrentes estão educar e prevenir, especialmente os adolescentes; evitar a associação com álcool e exercício intenso; investigar em casos de sincope e palpitação e, em pacientes com arritmia, evitar totalmente os energéticos.
Como sabemos, a prática de exercícios físicos regulares, a alimentação saudável (rica em frutas, vegetais e fibras), gerenciamento estresse e do bem-estar, sono reparador e distância do uso de substâncias, como tabaco ou álcool, e a realização de check-ups preventivos são os nossos maiores aliados na busca por um estilo de vida saudável.
Saúde é prevenção!
Gilberto Ururahy é médico há mais de 40 anos, com longa atuação em Medicina Preventiva. Em 1990, inaugurou a Med-Rio Check-up, líder brasileira em check-up médico e medicina preventiva. É detentor da Medalha da Academia Nacional de Medicina da França, é membro honorário da Academia Brasileira de Medicina de Reabilitação e coautor de livros: Como tornar-se um bom estressado (editora Salamandra), O cérebro emocional (Rocco), Emoções e saúde (Rocco) e Saúde é prevenção (Rocco, com o médico Galileu Assis). Ururahy é diretor da Câmara Americana de Comércio para o Brasil (Amcham Rio) e Chairman do Comitê de Saúde e diretor da Câmara de Comércio França-Brasil e Coordenador do Comitê de Saúde.