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Gilberto Ururahy

Por Gilberto Ururahy, médico Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO
Especialista em medicina preventiva

Natureza e saúde: duas crises que começam silenciosas

A medicina demonstra que boa parte das doenças modernas nasce de “microdesmatamentos” diários na nossa biologia

Por Gilberto Ururahy
7 nov 2025, 08h25
Plantas reproduzem o formato de um pulmão.
A Organização Mundial da Saúde estima que até 23% das mortes globais estão ligadas a fatores ambientais, como poluição, sedentarismo, alimentação inadequada e estresse urbano.  (Freepik/Reprodução)
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Nesse mês, o mundo volta os olhos para o clima. O Brasil lidera a COP-30 com a responsabilidade de proteger a Amazônia e discutir o futuro da vida no planeta. Mas, enquanto falamos de floresta, emissão de carbono, temperatura global e sustentabilidade, existe outro ambiente que merece atenção urgente: o ecossistema interno de cada um de nós.

A forma como tratamos o planeta e a forma como tratamos nosso corpo seguem a mesma lógica. Quando o ambiente é agredido, o sistema reage. Na natureza, isso se traduz em secas extremas, temperaturas elevadas, queimadas, enchentes, furacões. No corpo humano, a resposta vem em outra linguagem: inflamação crônica, AVC, infarto, câncer, diabetes, depressão e mortes súbitas. As doenças são dinâmicas e são frutos do meio em que vivemos, interno e externo.

O planeta dá sinais antes do colapso. O corpo também.

A medicina demonstra que boa parte das doenças modernas nasce de “microdesmatamentos” diários na nossa biologia: noites mal dormidas, alimentação ultraprocessada, estresse contínuo, sedentarismo, excesso de álcool, tabagismo e falta de pausa. Pequenos danos repetidos que ,como a natureza, também sofre com poluição, perda de biodiversidade e clima extremo.

Nature Medicine publicou em 2025 uma análise com 500 mil pessoas do UK Biobank e chegou a uma conclusão contundente: fatores ambientais e comportamentais pesam até dez vezes mais na expectativa de vida do que a genética. Em outras palavras: os genes orientam, mas o estilo de vida decide.

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A Organização Mundial da Saúde estima que até 23% das mortes globais estão ligadas a fatores ambientais, como poluição, sedentarismo, alimentação inadequada e estresse urbano. Já a Lancet Global Health reforça que 80% dos casos de doenças cardiovasculares – principal causa de morte no mundo –  são evitáveis com mudanças no estilo de vida e prevenção estruturada.

Quando agredimos o planeta, vemos consequências rápidas e coletivas. Quando agredimos o corpo, o desastre é individual e muitas vezes silencioso. Poucos percebem que a fadiga constante, o abdômen que se desenvolve mesmo sem grande ganho de peso, a irritabilidade, o sono leve, a dificuldade de concentração e os exames clínicos “no limite” são sinais de alerta, equivalentes às primeiras rachaduras em uma represa antes da enchente.

Assim como a natureza denuncia o desequilíbrio muito antes da catástrofe, o corpo também sussurra antes de gritar.

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A boa notícia? Regenerar é possível, lá fora e aqui dentro.

Assim como as árvores recuperam florestas e os oceanos se limpam quando damos condições, o organismo responde generosamente quando o ambiente interno melhora. Sono consistente, exercício regular (especialmente musculação + caminhada), alimentação baseada em alimentos naturais, controle do estresse, vínculos sociais fortes e check-ups estruturados reduzem os fatores de risco internos e protegem o sistema.

Sustentabilidade não é apenas plantar árvores e reduzir carbono. É também não queimar nosso próprio terreno biológico. Aliás, a emissão de carbono gerada por doenças também agride o meio ambiente.

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No debate climático, aprendemos que a prevenção é mais eficiente que a reconstrução. Na saúde, vale a mesma regra: tratar depois custa mais, dói mais e dá menos resultado. A medicina do futuro e do presente não se resume a detectar doenças. Ela mede risco cedo, acompanha marcadores e muda o curso antes da falha do sistema e promove saúde.

Quando cuidamos do planeta, preservamos o amanhã. Quando cuidamos do corpo, garantimos que estaremos lá para viver esse amanhã.

Se o planeta precisa de proteção para continuar vivo, o seu corpo também precisa.

Diretor-médico especializado em medicina preventiva na Med-Rio Check-up, membro honorário da Academia Brasileira de Medicina de Reabilitação, condecorado com a Medalha da Academia Nacional de Medicina da França e Conselheiro Estratégico da ABRH-Brasil.

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