Aumentam registros de cânceres em pessoas com menos de 50 anos
Câncer de mama e colorretal estão entre os tipos de câncer com maior incidência

O alerta foi dado há pouco tempo, pelo Instituto Nacional do Câncer (INCA): o percentual de mulheres jovens diagnosticadas com câncer de mama tem crescido de forma considerável, desde 2009. Naquele ano, 7,9% das pacientes tinham menos de 40 anos, enquanto, em 2020, esse número saltou para 21,8% – um aumento de 14,8% em apenas uma década. Muitas vezes o rastreamento do câncer de mama começa aos 50 anos, enquanto o aumento da incidência entre mulheres com menos de 50 anos sugere a redução da idade para 45, ou até 40, para mulheres em risco.
No mundo, não é diferente: o número de novos casos de câncer precoce, de todos os tipos, aumentou quase 80% em menos de trinta anos. Pesquisadores estão trabalhando para determinar as causas de um fenômeno que alguns estão chamando de “epidemia emergente”.
Em todo o planeta, multiplicam-se os sinais de alerta quanto à progressão dos cânceres “precoces”, definidos como aqueles que ocorrem em pessoas com menos de 50 anos. Certamente, os tumores malignos continuam sendo uma patologia sobretudo dos idosos, após os 65 anos. Mas esses cânceres de início precoce são cada vez mais visíveis. Muitos pacientes jovens testemunharam, e os oncologistas dizem que estão tratando cada vez mais deles em seus hospitais. Uma descoberta confirmada por estudos epidemiológicos.
As causas exatas desse aumento ainda não estão claras, mas vários fatores são suspeitos, alertam os autores. O estilo de vida, que combina sedentarismo, alimentação com ultraprocessados, excesso de consumo de álcool e obesidade parece desempenhar um papel fundamental. De acordo com estimativas da Agência Internacional de Pesquisa sobre o Câncer (IARC), quase 40% dos cânceres precoces poderiam ser evitados agindo sobre esses fatores.
Álcool, tabaco e obesidade são as principais causas identificadas. Por exemplo, o consumo de álcool aumenta o risco de câncer de mama em 15%, enquanto o sobrepeso e a obesidade estão envolvidos em 13 a 17% dos casos de câncer digestivo e renal.
Diante dessas descobertas, os pesquisadores apelam para que sejam fortalecidas as iniciativas de conscientização sobre comportamentos de risco, principalmente no que diz respeito à alimentação, à atividade física, ao consumo de tabaco e álcool e à exposição a substâncias tóxicas.
Melhorar os registros de monitoramento do câncer também ajudará a refinar os dados e entender melhor as tendências futuras, de acordo com especialistas. Na ausência de conscientização coletiva e medidas preventivas adequadas, as projeções indicam que, até 2030, um em cada dez casos de câncer colorretal e um em cada quatro casos de câncer retal afetarão pacientes com menos de 50 anos de idade.
Por isso, mais do que nunca, é preciso divulgar e estimular o estilo de vida saudável: alimentação balanceada, sono de qualidade, prática de exercícios físicos e check-ups regulares são fundamentais na busca de saúde.
O diagnóstico precoce é fundamental para o tratamento. 90% dos tumores têm cura a partir do diagnóstico em fase inicial.
Saúde é prevenção!
Gilberto Ururahy é médico há mais de 40 anos, com longa atuação em Medicina Preventiva. Em 1990, inaugurou a Med-Rio Check-up, líder brasileira em check-up médico e medicina preventiva. É detentor da Medalha da Academia Nacional de Medicina da França, é membro honorário da Academia Brasileira de Medicina de Reabilitação e coautor de livros: Como tornar-se um bom estressado (editora Salamandra), O cérebro emocional (Rocco), Emoções e saúde (Rocco) e Saúde é prevenção (Rocco, com o médico Galileu Assis). Ururahy é diretor da Câmara Americana de Comércio para o Brasil (Amcham Rio) e Chairman do Comitê de Saúde e diretor da Câmara de Comércio França-Brasil e Coordenador do Comitê de Saúde.