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As NOVAS vozes da cena musical brasileira contemporânea
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Festival Maloca Dragão

Dar à cultura a importância que ela merece - e não só do ponto de vista do discurso mas da administração efetiva - pode mudar o rumo de uma nação.

Por Fabiane Pereira
Atualizado em 2 Maio 2018, 18h06 - Publicado em 2 Maio 2018, 17h42
 (Soledad_divulgação/Facebook)
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Como um movimento nasce? Como uma cena artística se desenvolve? O que um novo cenário musical representa na cartografia de uma cidade? Não tenho respostas pra estas perguntas mas posso garantir que pra uma cena artística se desenvolver é preciso encontros, sinergia, partilhas, múltiplos talentos e, pasme, investimento público e/ou privado.

A cidade do Rio de Janeiro já foi considerada a Capital Cultural do Brasil e é frustrante saber que deixamos este “nobre título” nos escapar graças a falta de investimento e ao saqueamento dos cofres públicos por parte dos nossos governantes. Porém, ao contrário do que se convencionou muito recentemente no país, “Capital Cultural” não se limita a um local (ou cidade) onde há maior consumo, mercado e circulação de bens culturais. “Capitais Culturais” são essencialmente locais que se destacam pela relevância de sua produção cultural e também pelo seu patrimônio cultural. Quanto mais capitais culturais tivermos espalhadas por todo território nacional, mais desenvolvido seremos. Ou alguém ainda duvida que só com o desenvolvimento de políticas públicas culturais garantiremos o melhor ambiente possível com liberdade de expressão, apoio amplo, financiamento e incentivo à produção cultural e artística do Brasil para ampliar o acesso ao ponto de termos, de fato, um país democratizado culturalmente??

Passei o final de semana no Ceará a convite do Dragão do Mar, um extraordinário centro de arte e cultura localizado no coração de Fortaleza que fomenta – como poucos espaços no Brasil – a cultura local. Há quatro anos, estive pela primeira vez ao Dragão para participar da banca do Laboratório de Música do Porto Iracema das Artes e selecionamos, naquele ano, para cursar a Escola de Formação e Criação do Ceará os músicos Soledad (foto em destaque) e Caio Castelo – jovens artistas já reconhecidos por seus talentos musicais em várias cidades do Brasil. Desta vez, a convite das produtoras culturais Heloisa Aidar e Priscila Mello, fui conhecer o Festival Maloca e ainda estou procurando as palavras pra descrever a efervescência da nova cena musical cearense.

Podia tentar narrar esta experiência sonora sob uma perspectiva artística temporal ou de gênero. Cartesianamente, valeria explicá-la a partir da constatação que um amplo fomento público e privado constrói, de fato, uma cena. Talvez sendo menos utópica, tentaria explicar o que vi e vivi no último fim de semana sob o ponto de vista do mercado fonográfico. Mas as paisagens sonoras da cena musical do Ceará são tão diversas que prefiro listar TRÊS artistas cujos sons/shows não pararam ainda de pulsar nem de reverberar aplausos e dissonâncias dentro de mim:

Getúlio Abelha: o artista não passa batido na festinha, como diria Letícia Novaes.

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Selvagem a Procura da Lei: a banda mais bem sucedida – sob a perspectiva de público – do Ceará me fez lembrar da época que Los Hermanos se apresentavam no Rio e já no primeiro acorde de cada música não se ouvia nada além da multidão entoando seus versos.

Daniel Groove: radicado em São Paulo, o artista cearense transita pelo brega, rock e pela MPB. Com quase duas décadas de carreira, carrega na bagagem dois álbuns solos bastante elogiados pela crítica, vários shows pelo país entre eles, um no Lollapalooza.

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Os três artistas acima têm em comum a origem. No resto, são completamente diferentes. A nova cena musical cearense é rica e diversa. Desejo vida longa ao Dragão do Mar!! E espero que o centro cultural sirva de exemplo pro restante do país porque ele é a prova que dar a cultura a importância que ela merece – e não só do ponto de vista do discurso, mas, sobretudo, do ponto de vista da administração efetiva, com recursos justos, gente preparada e formação adequada – pode mudar o rumo de uma nação.

 

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