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Psiquiatra infantil
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“Wicked”: Ariana Grande provoca debate sobre transtornos alimentares

Atriz pediu que os corpos das outras pessoas não sejam alvos de comentários

Por Fabio Barbirato
28 nov 2024, 10h57
Mulher segura a ponta do garfo sobre o prato, onde só há uma folha de alface e um tomate.
Comer pouco por enxergar-se sempre acima do peso é uma das características de alguns distúrbios alimentares. (Freepik/Reprodução)
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Não foi preciso muito tempo: logo depois da estreia do musical “Wicked”, um dos mais aguardados do ano, começaram a aparecer na internet especulações sobre a forma física da cantora Ariana Grande e um possível caso de desordem alimentar. Ano passado, a estrela do filme, Ariana Grande, já havia se pronunciado sobre o tema. “Acho que deveríamos comentar de maneira mais gentil e menos à vontade sobre o corpo das pessoas, não importa o que aconteça”, disse ela.

Apesar de não haver nenhuma confirmação de que Ariana sofra de algum distúrbio alimentar, o caso lança luz sobre o tema. Caracterizados por uma perturbação persistente na alimentação ou no comportamento relacionado à alimentação, que resulta no consumo ou na absorção alterada de alimentos, os transtornos alimentares comprometem significativamente a saúde física ou o funcionamento psicossocial. Mas qual sua origem?

Vivemos em uma sociedade que, ao mesmo tempo que apela para um estilo de vida saudável, valoriza um ideal inacessível de magreza, especialmente nas redes sociais. Em outro sentido, incentiva o consumo de alimentos calóricos, especialmente os ultraprocessados. Todas essas contradições da sociedade contemporânea acabam colaborando para o desenvolvimento dos transtornos alimentares, especialmente entre os mais jovens.

De acordo com o DSM-5, Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais, são muitos os possíveis transtornos alimentares, dentre os mais conhecidos: anorexia nervosa, bulimia nervosa e compulsão alimentar são algumas delas. Os dois primeiros – anorexia e bulimia – atendem a padrões anormais de comportamento alimentar e controle do peso e por percepções alteradas sobre o próprio peso e corpo.

Já a compulsão alimentar se caracteriza pela ingestão, em um período determinado, de uma quantidade de alimento definitivamente maior do que a maioria das pessoas consumiria no mesmo período sob circunstâncias semelhantes, associado à sensação de falta de controle sobre a ingestão. Os episódios de compulsão alimentar estão associados a três (ou mais) dos seguintes aspectos: comer mais rapidamente do que o normal; comer até se sentir desconfortavelmente cheio; comer grandes quantidades de alimento na ausência da sensação física de fome; comer sozinho por vergonha do quanto se está comendo; sentir-se desgostoso de si mesmo, deprimido ou muito culpado em seguida.

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Alguns sinais que servem de alerta aos pais para a ocorrência de transtornos alimentares são: menstruação irregular, problemas de fertilidade, convulsões inexplicáveis, fadiga crônica, calos nas mãos ou perda de esmalte dentário, por exemplo.

Estudos comprovam que há significativa influência familiar na incidência de casos, a partir da preocupação exagerada com o peso e a forma do corpo de crianças e adolescentes, incluindo maior internalização do ideal de beleza pela criança quando a mãe estimulou o emagrecimento.

No entanto, a família é fundamental, por exemplo, no tratamento da anorexia, ajudando as crianças a ver os benefícios do ganho de peso, como dispor de mais energia, aumentar a altura, ter maior capacidade para se divertir com os amigos e estar bem o suficiente para participar de jogos e outras interações sociais. Em alguns transtornos, como a bulimia e a compulsão, medicamentos podem vir a ser necessários no tratamento.

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O fundamental é que pais, responsáveis e professores fiquem atentos aos hábitos alimentares e comportamentais de crianças e jovens para que possam encaminhá-los para auxílio especializado, conforme o caso.

Fabio Barbirato é médico psiquiatra pela UFRJ, membro da Academia Americana de Psiquiatria da Infância e Adolescência e responsável pelo setor de Psiquiatria Infantil da Santa Casa do Rio. Como professor, dá aulas na PUC-Rio. Foi um dos apresentadores do quadro “Eu amo quem sou”, sobre bullying, no “Fantástico” (TV Globo).

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